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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Carta em favor da paz
Em 31 de março, em Roma, o ministro das Relações Exteriores do
Brasil, Celso Luiz Amorim, apresentou ao Papa João Paulo 2º carta do
presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva. Esse documento honra o
governo do Brasil. Na carta, o presidente Lula se dispõe a colaborar com
as iniciativas em favor da paz no Iraque.
O texto manifesta o reconhecimento
e a estima do povo brasileiro pela
atuação admirável de Sua Santidade
em busca de solução pacífica para a
crise no Iraque.
a) Refere-se às armas de destruição
em massa e ao terrorismo, insistindo
na necessidade de se atender às exigências do Direito Internacional e às
resoluções do Conselho de Segurança
da ONU.
b) Afirma, em união com o Papa,
que não havia justificativa para uma
ação bélica preventiva.
c) Recorda os projetos anteriores do
governo brasileiro para uma saída política da crise e para a preservação da
paz.
d) Constata a gravidade do momento histórico, que põe em risco o futuro
da civilização por causa da erosão dos
princípios que devem pautar a boa
convivência entre as nações.
e) Exorta à continuação dos esforços
diplomáticos em vista da paz e da
"reorganização de uma ordem mundial fundada na tolerância, na solidariedade e no respeito ao direito internacional".
É notável a referência que o presidente Lula faz à autoridade moral e à
liderança espiritual do Papa João Paulo 2º, conclamando os líderes políticas
para a comunhão de esforços com base "nos valores que a Santa Sé soube
tão bem encarnar no conturbado contexto em que nos encontramos".
Sinto o dever de expressar o meu
apreço pela posição assumida pelo governo brasileiro diante da lamentável
crise no Iraque e pela firme disposição
de cooperar para o pronto restabelecimento da paz. Acompanhando a notícia dos sangrentos bombardeios e
combates dos últimos dias, que causaram grande número de mortos e feridos, precisamos perceber a urgência
de uma profunda transformação na
história da humanidade. Não é possível aceitar que o governo de um país se
permita impunemente violar pela
guerra o princípio fundamental do
respeito à vida e à liberdade.
Não bastará restaurar os edifícios do
Iraque. E os feridos? E os mortos? Para
reconstruir a concórdia entre os povos, é indispensável aprimorar e respeitar os tratados internacionais e impedir toda fabricação de armas de destruição em massa.
Mas será ainda mais necessário vencer o ódio e o instinto de vingança e
aprender a lição suprema do perdão.
Para os que cremos em Deus, é hora
de unir esforços na oração e no jejum.
Peçamos a Deus, com humildade,
que nos ensine o caminho da conversão, da justiça e da paz.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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