UOL




São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Carta em favor da paz

Em 31 de março, em Roma, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Luiz Amorim, apresentou ao Papa João Paulo 2º carta do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Esse documento honra o governo do Brasil. Na carta, o presidente Lula se dispõe a colaborar com as iniciativas em favor da paz no Iraque.
O texto manifesta o reconhecimento e a estima do povo brasileiro pela atuação admirável de Sua Santidade em busca de solução pacífica para a crise no Iraque.
a) Refere-se às armas de destruição em massa e ao terrorismo, insistindo na necessidade de se atender às exigências do Direito Internacional e às resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
b) Afirma, em união com o Papa, que não havia justificativa para uma ação bélica preventiva.
c) Recorda os projetos anteriores do governo brasileiro para uma saída política da crise e para a preservação da paz.
d) Constata a gravidade do momento histórico, que põe em risco o futuro da civilização por causa da erosão dos princípios que devem pautar a boa convivência entre as nações.
e) Exorta à continuação dos esforços diplomáticos em vista da paz e da "reorganização de uma ordem mundial fundada na tolerância, na solidariedade e no respeito ao direito internacional".
É notável a referência que o presidente Lula faz à autoridade moral e à liderança espiritual do Papa João Paulo 2º, conclamando os líderes políticas para a comunhão de esforços com base "nos valores que a Santa Sé soube tão bem encarnar no conturbado contexto em que nos encontramos".
Sinto o dever de expressar o meu apreço pela posição assumida pelo governo brasileiro diante da lamentável crise no Iraque e pela firme disposição de cooperar para o pronto restabelecimento da paz. Acompanhando a notícia dos sangrentos bombardeios e combates dos últimos dias, que causaram grande número de mortos e feridos, precisamos perceber a urgência de uma profunda transformação na história da humanidade. Não é possível aceitar que o governo de um país se permita impunemente violar pela guerra o princípio fundamental do respeito à vida e à liberdade.
Não bastará restaurar os edifícios do Iraque. E os feridos? E os mortos? Para reconstruir a concórdia entre os povos, é indispensável aprimorar e respeitar os tratados internacionais e impedir toda fabricação de armas de destruição em massa.
Mas será ainda mais necessário vencer o ódio e o instinto de vingança e aprender a lição suprema do perdão. Para os que cremos em Deus, é hora de unir esforços na oração e no jejum.
Peçamos a Deus, com humildade, que nos ensine o caminho da conversão, da justiça e da paz.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Confissões
Próximo Texto: Frases

Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.