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São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Fumo e F-1
"Em relação ao editorial "Casuísmo tabagista" (Opinião, pág. A2, 4/4), esclareço que em nenhum momento a Anvisa titubeou diante da obrigação de fazer cumprir a lei antitabagista do país. Diante da possibilidade de mudanças na referida legislação, a agência aguardou os desdobramentos da modificação, mantendo-se com a disposição de levar a termo o seu cumprimento, o que será feito de acordo com a medida provisória nš 118, de 3 de abril de 2003. Embora seja uma agência autônoma de regulação, a Anvisa é parte integrante do Ministério da Saúde e atua de forma coordenada com as demais áreas da instituição, o que compreende uma atuação célere em consonância com a política global do governo em relação ao combate ao tabagismo e aos males do fumo."
Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, diretor-presidente substituto da Anvisa (Brasília, DF)

Nota da Redação - Se a Anvisa fosse, de fato, uma agência independente destinada a "promover a proteção da saúde da população", como reza a lei que a criou, ela se teria insurgido contra a mudança casuística e injustificável da legislação, que sacrifica a saúde da população em favor de lucros privados.

 

"A Sociedade Brasileira de Cardiologia, que anualmente promove campanhas educativas de promoção à saúde, repudia a propaganda de cigarros nos carros da Fórmula 1. Além de ser um desaconselhável incentivo aos jovens, a publicidade fere a lei 10.167. A SBC, que representa 10 mil cardiologistas de todo o país, lembra que o cigarro mata 120 mil brasileiros por ano. Os estudos da Organização Mundial da Saúde estimam em mais de 1,2 bilhão o número de fumantes no mundo, sendo 36 milhões somente no Brasil. A OMS projeta que, em 2020, 10 milhões de pessoas morrerão por causa do tabaco -7 milhões em países em desenvolvimento. Para desfazer esses prognósticos alarmantes, a Sociedade Brasileira de Cardiologia manifesta apoio a toda providência legislativa que iniba a publicidade de cigarros, sobretudo entre os jovens. Amanhã, antes e após o GP Brasil, voluntários e médicos da SBC estarão em frente ao autódromo de Interlagos para distribuir folhetos informativos sobre qualidade de vida e hábitos saudáveis."
Celso Amodeo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (São Paulo, SP)

 

"É a seguinte a última lição de cidadania dada pela prefeita Marta Suplicy e pelo ministro do Esporte do governo Lula: "Se uma lei atrapalha, ela não precisa ser cumprida". Isso é o que fica na questão da publicidade de tabaco na F-1. É essa a marca de ética que o PT quer deixar?"
Radoico Câmara Guimarães (São Paulo, SP)

Guerra
"O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, declarou, em Bruxelas, que o papel da ONU no pós-guerra ainda não está definido. Devemos entender com essa declaração que só o papel dos Estados Unidos e o da Inglaterra é que já estão definidos."
Ascenso Furtado (Rio de Janeiro, RJ)

Educação
"Como professor, questiono a forma pela qual a progressão continuada foi implantada nas escolas estaduais em São Paulo. Na prática, esse sistema se transformou em aprovação automática, o que levará a curto prazo a um analfabetismo funcional. O aluno é aprovado sem cumprir os pré-requisitos mínimos para cursar a série seguinte sob o pretexto de que a reprovação pode causar sérios problemas psíquicos, perda da auto-estima e desestímulo ao aprendizado. Não conheço falácia maior. Será que o aluno promovido sem cumprir esses pré-requisitos mínimos, analfabeto funcional, portanto, conseguirá acompanhar as aulas na série seguinte? Será que essa defasagem não levará o aluno ao catastrofismo e à perda da auto-estima?"
Sandro Cunha dos Santos (Ribeirão Preto, SP)

 

"O nosso ministro da Educação parece concordar com aquela velha piada do americano que acha que a capital do Brasil é Buenos Aires ("Ministro vai propor vestibular com prova só de português e matemática", Cotidiano, pág. C4, 3/4). A maioria dos universitários já apresenta uma falta crônica de conhecimento básico para manter uma conversa banal com um nível mínimo de qualidade. Retirar do vestibular a obrigatoriedade dessas matérias beira o absurdo. O ministro se esquece de que os alunos precisam levar para a faculdade algum conhecimento vindo do colégio. Nas escolas de medicina, por exemplo, espera-se que o aluno saiba biologia. Nas de geografia ou de história, que saiba qual é a capital do Brasil."
Sandra Melo Gomes Moraes (Sorocaba, SP)

TV
"Causa-me espécie o fato de a Rede Globo passar a minissérie "A Casa das Sete Mulheres", de grande valor histórico e cultural, entre 23h e 24h (recomendada para maiores de 16 anos) enquanto no dito "horário nobre", entre 20h e 21h, é transmitida a novela "Mulheres Apaixonadas" (recomendada para maiores de 12 anos), que conceitualmente é, no mínimo, um fator desagregador da família e deletério aos bons costumes. A Guerra dos Farrapos muito contribuiu para que o Brasil se tornasse uma República Federativa. Assim, a referida minissérie, que infelizmente está em seus últimos capítulos, deveria ter merecido um horário mais adequado para minimizar um pouco o "déficit" cultural do povo brasileiro."
Paulo Roberto Olivato professor titular do Instituto de Química da USP (São Paulo, SP)

Saúde
"Parabenizo Josias de Souza pelo artigo sobre o Ministério da Saúde e os portadores de vírus HIV ("Saúde pública vira DOI-Codi pós-moderno", Brasil, pág. A13, 30/3). Gostaria de sugerir à Folha que faça uma investigação no SUS quanto ao tratamento que é imposto às vítimas do vírus da hepatite C. O governo, digo Ministério da Saúde, está matando deliberadamente cerca de 4 milhões de brasileiros, vítimas do vírus C. E essas decisões são tomadas nos porões da tortura político-burocrática."
Newton Duarte (Brasília, DF)

Sorteio
"Em relação à reportagem "Governo sorteia as cidades que serão auditadas" (Brasil, pág. A9, 4/4), quero dizer que toda e qualquer medida moralizadora é sempre bem-vinda, principalmente em nosso país, que continua liderando o ranking da corrupção na América Latina. O governo deveria levar em consideração o fator de correlação custo-benefício de tais auditorias. O bom senso recomenda uma auditoria séria nos próprios órgãos e entidades federais, evitando gastos desnecessários com diárias e passagens aéreas a servidores ociosos, os quais iriam constatar "in loco" o esbanjamento, a suntuosidade de gastos desnecessários e os recursos desviados, haja vista que, nesses oito anos de (des)governo, torrou-se em coisas que a população não precisa o dinheiro que o país não tem para investir no social. Seria de bom alvitre uma auditoria nas agências reguladoras, como Anvisa e ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que até agora não mostraram a que vieram."
Vasco Vasconcelos (Brasília, DF)


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