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EPIDEMIA EM NÚMEROS
Com o fim da guerra no Iraque,
os interesses da mídia internacional se deslocaram para outros alvos. Um dos preferidos é a epidemia
de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave). A repentina cobertura extensiva pode dar a sensação de que a
nova doença é uma nova e poderosa
ameaça que paira sobre a humanidade. Isso poderá até revelar-se verdadeiro, mas, por enquanto, não existem elementos para prová-lo.
Os números da Sars contabilizados
pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) ainda são relativamente modestos: pouco mais de 6.200 casos
(com 435 mortes) numa população
de mais de 6 bilhões. Moléstias como cardiopatias, câncer, Aids, hepatites e muitas outras permanecem
"assassinos" muito mais importantes. A malária, por exemplo, faz, só
entre crianças, mais de 3.000 vítimas
fatais por dia na África.
Vale repetir que a Sars é uma doença emergente e, como tal, exige toda
a atenção. Seus mecanismos de
transmissão ainda não são bem conhecidos, existe a possibilidade de o
vírus que a provoca sofrer novas mutações que a tornem mais fatal.
Mas, ao que parece, a epidemia pode ser contida. O Vietnã, por exemplo, foi retirado pela OMS da lista de
lugares que viajantes deveriam evitar.
O país, um dos primeiros a ser atingidos pela moléstia, não registra casos novos há mais de 20 dias, o dobro do período de incubação estimado. Isso sugere que, com medidas
adequadas, a epidemia pode ser controlada. O ritmo de surgimento de
novos casos vem caindo em Hong
Kong, Cingapura e no Canadá.
O problema parece mais grave na
China continental, onde as novas infecções ainda são crescentes e há de
fato motivos para temer pelo pior. É
preciso, contudo, ressaltar que os
efeitos potencialmente devastadores
da doença foram sobremaneira agravados pela incúria política das autoridades chinesas, que, bem ao espírito
das ditaduras, procuraram inicialmente esconder a epidemia, permitindo assim que ela se disseminasse.
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