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São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2003

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EPIDEMIA EM NÚMEROS

Com o fim da guerra no Iraque, os interesses da mídia internacional se deslocaram para outros alvos. Um dos preferidos é a epidemia de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave). A repentina cobertura extensiva pode dar a sensação de que a nova doença é uma nova e poderosa ameaça que paira sobre a humanidade. Isso poderá até revelar-se verdadeiro, mas, por enquanto, não existem elementos para prová-lo.
Os números da Sars contabilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda são relativamente modestos: pouco mais de 6.200 casos (com 435 mortes) numa população de mais de 6 bilhões. Moléstias como cardiopatias, câncer, Aids, hepatites e muitas outras permanecem "assassinos" muito mais importantes. A malária, por exemplo, faz, só entre crianças, mais de 3.000 vítimas fatais por dia na África.
Vale repetir que a Sars é uma doença emergente e, como tal, exige toda a atenção. Seus mecanismos de transmissão ainda não são bem conhecidos, existe a possibilidade de o vírus que a provoca sofrer novas mutações que a tornem mais fatal.
Mas, ao que parece, a epidemia pode ser contida. O Vietnã, por exemplo, foi retirado pela OMS da lista de lugares que viajantes deveriam evitar. O país, um dos primeiros a ser atingidos pela moléstia, não registra casos novos há mais de 20 dias, o dobro do período de incubação estimado. Isso sugere que, com medidas adequadas, a epidemia pode ser controlada. O ritmo de surgimento de novos casos vem caindo em Hong Kong, Cingapura e no Canadá.
O problema parece mais grave na China continental, onde as novas infecções ainda são crescentes e há de fato motivos para temer pelo pior. É preciso, contudo, ressaltar que os efeitos potencialmente devastadores da doença foram sobremaneira agravados pela incúria política das autoridades chinesas, que, bem ao espírito das ditaduras, procuraram inicialmente esconder a epidemia, permitindo assim que ela se disseminasse.



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