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NELSON MOTTA
Nos braços do povo
RIO DE JANEIRO - Pesquisas recentes em Pernambuco mostram que Severino Cavalcanti -ele mesmo, que renunciou ao mandato para não ser
cassado, que passou pelo vexame de
ser desmentido em rede nacional pela apresentação do cheque do "mensalinho", que virou piada e deboche
no país inteiro-, se a eleição fosse
hoje, estaria eleito.
Esse é o homem que, no exercício da
presidência da Câmara, comprovadamente recebeu dinheiro de um
concessionário de serviços. Independente da perda do mandato, ou da
"renúncia", trata-se de alguém acusado de usar função pública para receber vantagens, o que é crime. Pior
ainda se no exercício da presidência
da Câmara. Mas nada lhe acontece,
visita o Congresso com freqüência,
nomeia, cabala votos e verbas, faz o
de sempre. Tem certeza absoluta da
impunidade, está em plena campanha, provavelmente se dizendo vítima das "zelite" preconceituosas, porque é macho e nordestino.
Os eleitores de Severino, que, em
troca de votos, recebem dele e de seus
aliados esmolas, empregos e "boquinhas", por ignorância ou "esperteza"
fingem que não sabem de nada. Só
não sabem que é assim que perpetuam sua própria miséria. Até aí nada. Quem vota em Severino deve saber o estômago que tem, cada eleitor
tem o representante que merece. O
chato é que quem paga a conta é o
resto do Brasil, pelos votos e vetos de
Severino, por sua influência nefasta e
sua gastança de dinheiro público.
Se isso acontece em Pernambuco,
um dos Estados mais politizados do
Brasil, imagine nos grotões. Não vamos nos iludir, apesar de tudo, seja
qual for o presidente, ele e nós continuaremos nas mãos de 300 picaretas,
que mudarão de nome ou de partido,
mas sempre se parecerão -no figurino, na ignorância e na voracidade-
com bandidos disputando "pontos" e
"bocas".
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