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QUEM MANDA
Soa como uma sandice a explicação do secretário de Administração Penitenciária do Rio para o fato de o Estado ter reunido deliberadamente na Casa de Custódia de
Benfica facções rivais do crime. O
objetivo seria demonstrar que quem
manda na prisão é o governo. A carnificina provocada pela guerra de
facções na instituição deu bem a medida da extensão desse mando.
Um governo não deveria ter de demonstrar a ninguém que exerce o
controle sobre seus presídios -isso
é um pressuposto da autoridade pública. E a mera proliferação dessas
organizações do crime já atesta o
grau de ineficiência das políticas de
segurança.
Lamentavelmente, é essa a situação
que se tem verificado no país. Há
"comandos" de criminosos atuando
nos principais Estados, prisioneiros
utilizam celulares a seu bel-prazer
para comandar operações de dentro
das cadeias, detentos fogem pela
porta da frente e bandos não cessam
de promover motins e massacres.
A governadora do Rio, Rosinha
Matheus, e seu marido e secretário
de Segurança, Anthony Garotinho,
não têm perdido ocasião de tentar
transferir para o governo federal problemas relacionados à violência no
Estado do Rio. É indubitável que Brasília tem o dever de coordenar e implementar uma política nacional,
bem como de contribuir com recursos para que a segurança pública no
país possa sair da dramática situação
em que se encontra -e isso tem sido
cobrado por esta Folha.
Os governos estaduais, porém, não
podem se eximir de suas obrigações.
No caso da matança que teve lugar
na Casa de Custódia de Benfica, as
responsabilidades do Executivo fluminense precisam ficar claras. Não
apenas quanto ao risco que assumiu
ao reunir facções rivais na mesma
penitenciária, como em relação aos
obstáculos que interpôs, na figura do
secretário Garotinho, à entrada na
Casa de Custódia, após o motim, de
defensores públicos e integrantes de
organizações de direitos humanos.
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