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TESTE PARA CHÁVEZ
Numa vitória para o processo democrático, autoridades
eleitorais da Venezuela anunciaram
que a oposição ao presidente Hugo
Chávez conseguiu reunir as assinaturas necessárias para a convocação do
plebiscito que poderá encurtar o seu
mandato, previsto para acabar apenas em 2007. Se não houver intercorrências, o referendo deverá ter lugar
no início de agosto.
Não há dúvida de que Chávez é o
presidente legítimo da Venezuela.
Mas tampouco há dúvida de que seu
estilo autoritário e avesso ao entendimento tem sido o principal fator de
instabilidade no país. Uma vez que o
plebiscito revocatório é um dispositivo constitucional que foi referendado pela população, não há razão para
considerar a consulta ilegítima.
Se há algo a condenar, são as tentativas do presidente -que anteontem
se apressou em posar de campeão da
democracia- de frustrar o referendo, ora fazendo valer sua influência
para manipular o Judiciário e a comissão eleitoral, ora recorrendo a detalhes burocráticos kafkianos para
determinar sucessivas coletas de assinaturas e revalidações.
A insistência de Chávez em impedir a consulta popular foi um sinal de
que ele talvez já não confie tanto assim em sua base de apoio. Deve-se
lembrar que mesmo em caso de derrota no plebiscito, o presidente poderá em princípio disputar sua própria
sucessão, hipótese em que provavelmente enfrentaria uma oposição dividida, ampliando as suas chances.
Independentemente, porém, de
quem vença o plebiscito e a possível
nova eleição, o fato é que a democracia venezuelana saiu ganhando com
a decisão de se convocar o referendo.
Todavia, tendo em vista o preocupante grau de radicalização política
no país, é preciso empenhar esforços
para assegurar que o processo transcorra sem graves incidentes e que
suas conclusões sejam respeitadas.
Quanto a isso, o Brasil, que coordena
o Grupo de Amigos da Venezuela,
está em condições de desempenhar
um papel diplomático relevante
-desde que saiba manter a necessária eqüidistância.
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