São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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Curto e comedido

ACUMULAM-SE indícios de que a atividade econômica está em acomodação. Reforçaram-nos os números relativos a abril, divulgados anteontem, da pesquisa mensal do IBGE sobre produção industrial.
O resultado foi beneficiado por saltos na produção dos segmentos farmacêutico e de refino de petróleo, cujo desempenho vinha sendo prejudicado por paradas técnicas em importantes plantas. Ainda assim, de março para abril a produção do setor fabril como um todo subiu apenas 0,2%. A indústria ainda não retornou ao nível recorde alcançado em outubro de 2007.
A nota positiva é que ao longo desse período a fabricação de bens de capital não deixou de crescer com vigor. No mês de abril os bens de capital foram a única categoria de uso cuja produção se expandiu na comparação com março. Como as importações de máquinas e equipamentos também crescem em ritmo muito forte, não cabe dúvida de que o investimento segue em nítida elevação, ampliando a capacidade produtiva nacional.
Prenuncia-se uma diluição do risco de virem a se generalizar situações de descompasso entre a oferta e a demanda, incômodas para o controle da inflação. Essa perspectiva, que parece ter boa chance de se consolidar nos próximos meses, deverá ter impacto positivo sobre as expectativas de inflação, sobretudo para 2009.
É um fator que aumenta a probabilidade de que o ciclo de aumento nos juros básicos- cujo segundo capítulo desenrolou-se ontem, com a elevação da Selic para 12,25% ao ano - possa revelar-se mais curto e mais comedido do que hoje esperam os operadores do mercado financeiro.


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