São Paulo, Sábado, 05 de Junho de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Emprego de risco

"Deixou-me bastante indignado descobrir que filhas de militares recebem pensões vitalícias. Os militares poderão reagir com o argumento de que sua profissão é de risco e de que poderão deixar os seus filhos desprotegidos.
E eu mesmo respondo: existe no Brasil alguma profissão que não seja de risco, especialmente se você tem que sair de casa?"
José Alves de Medeiros Filho (Belém, PA)

Collor e FHC

"Realmente os dois Fernandos não são iguais: a diferença está no passado (remoto) do segundo, que foi brilhante. Porém, como governo, os dois foram uma decepção."
Darvin Ferreira da Silva (São Paulo, SP)

Resposta de Emerson Kapaz

"O que mais impressiona na tentativa do secretário municipal Antenor Braido de "responder", no "Painel do Leitor" de ontem, a meu artigo "Vergonha municipal" (pág. 1-3, Opinião, 2/6) é que em nenhum momento ele defende o prefeito Celso Pitta e o malufismo dos graves fatos pelos quais são responsáveis.
As observações feitas em meu artigo não podem ser estendidas ao governador Mário Covas e ao presidente Fernando Henrique Cardoso porque eles jamais foram coniventes com a corrupção. Quanto aos bancos Marka e FonteCindam, parece que o secretário não lê atentamente o jornal: a CPI dos Bancos está ativa e deverá, ao que tudo indica, pedir ressarcimento aos cofres públicos por prejuízos que o Tesouro Nacional tenha sofrido.
De outra parte, em relação à oportuna manifestação do professor Renato Janine Ribeiro, cumpre destacar que o PSDB luta firmemente contra o malufismo, como provou Mário Covas ao liderar uma ampla frente que derrotou Maluf nas últimas eleições. Essa articulação permanece viva, com o objetivo de extirpar da vida pública o malufismo e seu estilo de governar."
Emerson Kapaz, deputado federal pelo PSDB-SP (São Paulo, SP)

Reforma do Judiciário

"A proposta apresentada pelo relator da Comissão de Reforma do Judiciário, deputado Aloysio Nunes Ferreira, apesar de ter incorporado algumas das sugestões oferecidas pela Associação Juízes para a Democracia (federalização dos direitos humanos, fim das férias coletivas, transparência e publicidade das decisões administrativas dos tribunais), contempla, no cerne, soluções que em nada colaborarão para a agilização da Justiça. A pretexto de controle externo do Judiciário, cria rígido controle sobre juízes sob comando das cúpulas dos tribunais superiores; interno, portanto, sem possibilidade de fiscalizar o que realmente precisa de fiscalização: a administração dos tribunais.
Afigura-se absurdo extinguir a Justiça do Trabalho. A Justiça Federal, sabidamente congestionada, não terá condições de absorver o fantástico número de processos daquela.
Por fim, se há um órgão do Judiciário que deve ser extinto, e disso não se cogitou, é a Justiça Militar. Como explicar à população, por exemplo, que durante um ano inteiro cada ministro do Superior Tribunal Militar julgue cerca de 35 processos, o mesmo número que em alguns tribunais cada juiz julga num único dia?"
Kenarik Boujikian Felippe, presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia (São Paulo, SP)

Falência

"Manifesto a minha imensa tristeza pela falência das lojas da rede G. Aronson e também a minha indignação com a Justiça, que não levou em consideração os anos de trabalho do sr. Girsz Aronson. Pergunto: o que fará agora esse homem que viu todo o trabalho de uma vida levado pela crise que assola o país? Por que esse governo que tanto fez por bancos insignificantes falidos nada fez por essa tradicional loja?"
José Roberto dos Santos (Goiânia, GO)

Lixo

"Sobre a reportagem "Irregularidades com lixo custam R$ 236 mi em São Paulo" (Folha, 30/5), a denúncia do Ministério Público, tal como o editorial dessa mesma Folha ("Urubus da corrupção", publicado na edição de 16/4), extrapola para o genérico casos isolados de irregularidades constatadas em algumas administrações regionais. Ou seja, as falhas encontradas são constatações pontuais -do tipo "onde deveriam estar 20 homens trabalhando, estavam apenas 16"- e não permitem supor, como quer o Ministério Público, que se chegue àquele valor astronômico citado na reportagem como "irregular". Para ser verdade, ele pressupõe que as irregularidades pontuais estavam de fato acontecendo em todas as administrações regionais.
Convém lembrar, a propósito, que no tempo em que Paulo Maluf era prefeito, durante o último ano de sua administração, 1996, foram aplicadas 243 multas nas empresas coletoras de lixo, e em 1997 as multas caíram para 28 e em 1998 para 6, conforme a própria Folha noticiou."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Instituto da Mulher

"Fiquei absolutamente chocado com o destino do monumental esqueleto do prédio que seria o Instituto da Mulher. Em 1988, Paulo Ayrosa Galvão, então diretor do Hospital Emílio Ribas, anunciou que havia cedido uma área do hospital para que fosse construído o Instituto da Mulher. Em troca receberia alguns andares do prédio para a tão desejada expansão que solicitava ao secretário da Saúde. Estava ele antevendo o crescimento da epidemia de Aids.
Ninguém mais assegura o prometido. Nem o Instituto da Mulher nem o Emílio Ribas são agora os herdeiros do prédio. Só em um país que não preserva os seus bens e histórias coisas dessa ordem podem acontecer. O Emílio Ribas hoje desempenha papel fundamental na assistência médica em infectologia, além de ser um centro de retaguarda para rápida intervenção em epidemias e doenças emergentes e reemergentes.
Como presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, é meu dever denunciar mais esse equívoco, ao ver novamente o prédio sendo cedido para o Hospital das Clínicas -que acredito bom uso poderá fazer dele. Inquestionavelmente, excelente uso será feito se parte for destinada ao maior hospital de doenças infecciosas da América Latina, que conta hoje com modestíssimo ambulatório."
Roberto Badaró, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (São Paulo, SP)

Jaime Wright

"O poeta russo Eugene Evtutchenko, em seu livro "Autobiografia Precoce", diz que é injusto julgar o grande ideal comunista pelos oportunistas, pelos carreiristas, assim como seria injusto julgar a fé cristã pelos fariseus e falsos profetas.
A morte desse grande brasileiro, reverendo Jaime Wright, me encheu de tristeza. Mas também sinto esperança.
Em tempos de bispos Macedo, Maelis Vergnianos, Renascer etc., sinto esperança de que as pessoas passem a enxergar e julgar os evangélicos a partir de figuras da grandeza de Wright."
Anabil Martins Diniz (São Paulo, SP)


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