São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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O PREÇO DO BILHETE

O lançamento do bilhete único é certamente um dos trunfos da prefeita Marta Suplicy com vistas à campanha eleitoral. Esta Folha já elogiou a iniciativa, que, de modo semelhante ao que ocorre em outros países, facilita a vida do usuário e lhe proporciona economia. Não obstante resta um aspecto a ser esclarecido: o impacto econômico que o bilhete único, ao preço atual, gera sobre as contas da prefeitura.
Como se sabe, o sistema permite ao usuário fazer quantas viagens forem necessárias ao longo de duas horas, pagando uma única passagem. Com isso, a tendência é aumentar a quantidade de passageiros e, em contrapartida, também o número de viagens gratuitas. Ou seja, os ônibus vão continuar transportando os usuários, mas nem sempre as empresas de transporte vão receber por isso.
Há, portanto, um custo a ser pago. A questão é que não se conhece seu valor. Em recente entrevista, a prefeita recusou-se a mencionar cifras, afirmando que será preciso aguardar mais alguns meses até que técnicos e empresários possam formar um juízo sobre o novo comportamento do usuário e suas conseqüências financeiras. A mensagem foi clara: esse é um assunto para depois das eleições municipais. Até lá, o sistema será mantido como está, seja qual for o impacto econômico.
A prefeita Marta Suplicy não tem exatamente se destacado pela austeridade. Considera que a dívida da cidade de São Paulo é impagável nas atuais condições e precisará ser "repactuada" no ano que vem. Sendo assim, é compreensível que prefira não fornecer números sobre o bilhete único, pouco se importando com o fato elementar de que a sociedade tem o direito de saber como o dinheiro público está sendo usado.


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