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O PREÇO DO BILHETE
O lançamento do bilhete único é certamente um dos trunfos da prefeita Marta Suplicy com vistas à campanha eleitoral. Esta Folha
já elogiou a iniciativa, que, de modo
semelhante ao que ocorre em outros
países, facilita a vida do usuário e lhe
proporciona economia. Não obstante resta um aspecto a ser esclarecido:
o impacto econômico que o bilhete
único, ao preço atual, gera sobre as
contas da prefeitura.
Como se sabe, o sistema permite
ao usuário fazer quantas viagens forem necessárias ao longo de duas
horas, pagando uma única passagem. Com isso, a tendência é aumentar a quantidade de passageiros
e, em contrapartida, também o número de viagens gratuitas. Ou seja,
os ônibus vão continuar transportando os usuários, mas nem sempre
as empresas de transporte vão receber por isso.
Há, portanto, um custo a ser pago.
A questão é que não se conhece seu
valor. Em recente entrevista, a prefeita recusou-se a mencionar cifras,
afirmando que será preciso aguardar
mais alguns meses até que técnicos e
empresários possam formar um juízo sobre o novo comportamento do
usuário e suas conseqüências financeiras. A mensagem foi clara: esse é
um assunto para depois das eleições
municipais. Até lá, o sistema será
mantido como está, seja qual for o
impacto econômico.
A prefeita Marta Suplicy não tem
exatamente se destacado pela austeridade. Considera que a dívida da cidade de São Paulo é impagável nas
atuais condições e precisará ser "repactuada" no ano que vem. Sendo
assim, é compreensível que prefira
não fornecer números sobre o bilhete único, pouco se importando com
o fato elementar de que a sociedade
tem o direito de saber como o dinheiro público está sendo usado.
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