São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Aborto
"Sendo o bom senso um atributo que ninguém se queixa de não ter, discordo do discernimento dos que ficaram favoráveis à decisão, do ministro do STF Marco Aurélio de Mello, de liberar o aborto em casos de anencefalia. Abriu-se um perigoso precedente, ficando ao critério do cidadão decidir quem deve ou não nascer. Motivos religiosos à parte, a concepção, cientificamente, é o ato de gerar um ser vivo e, portanto, provido de direitos, cabendo aos seus responsáveis defendê-los, e não extingui-los a título de que o sofrimento da família é de valor relativo superior ao ser gerado defeituoso. Está se abrindo o caminho para outras exterminações de seres indesejáveis e de um Estado laico irresponsável."
Paulo Marcos Gomes Lustoza capitão-de-mar-e-guerra da reserva (Rio de Janeiro, RJ)
 

"Chocou-me profundamente ler neste "Painel do Leitor", no dia 3/6, a carta de um estudante do Mackenzie atacando acidamente a liminar do ministro Marco Aurélio de Mello que permite a interrupção da gravidez em casos de anencefalia do feto. Só alguém desprovido da mínima piedade pode defender que uma mulher seja obrigada a suportar a dor de carregar no ventre, por meses, um filho morto que cresce e, depois, gerar um cadáver disforme (terá o estudante já visto um feto anencéfalo? É das imagens mais horrendas que se pode ver). Mulher nenhuma merece isso. Piedade, solidariedade, amor ao próximo são a base da pregação cristã. São também o que os fundamentalistas de qualquer origem costumam esquecer primeiro."
Jayme Serva (São Paulo, SP)

Legislativo
"Como médico e vereador em Barbacena, quero saudar o Senado por limitar o número de vereadores das cidades. Causa espécie é deixar municípios com menos de 10 mil habitantes formarem uma Câmara com nove vereadores, enquanto outros, com número superior a 100 mil, só podem eleger 11. Há de reformular a lei, fazendo com que o número de vereadores seja proporcional ao número de eleitores. Aproveito o ensejo para questionar a não-diminuição no número de senadores e deputados; estes sim, tanto no Distrito Federal quanto nas capitais brasileiras, locupletam-se com salários e mordomias as mais aviltantes. Cortou-se na carne dos que estão à distância, mas se esqueceu de ir no osso."
Paulo Siloé de Carvalho (Barbacena, MG)

Preços
"O economista Gesner Oliveira afirma, no seu artigo de 3/7 ("O real e o imaginário", Dinheiro, pág. B2), que "os números comprovam que o Real estabilizou os preços e desindexou a economia". Contudo vejo os preços de tudo que foi privatizado, dos pedágios à eletricidade e à telefonia, atrelados a algum indexador. Como tenho um nível intelectual semelhante ao do Eremildo, personagem do Elio Gaspari, gostaria que me fosse explicada essa desindexação, pois, na verdade, salário é a única coisa que percebo desindexada pelo Plano Real. Bom, "capitalisticamente", não poderia ser de outro modo."
Raimundo Andrade Simões (São Vicente, SP)

Tributos
"Em relação à nota "Mão aberta", publicada no dia 30/6 na coluna "Painel", esclareço que estão equivocadas as informações divulgadas pelo PT, segundo as quais o governo Alckmin concedeu renúncia fiscal no âmbito da reforma tributária, que soma R$ 3,3 bilhões, e que estão citadas na LDO. De fato, a renúncia fiscal para 2005 está nesse montante, mas a concessão desses benefícios merece alguns esclarecimentos. A grande parte das isenções e de redução de carga tributária foi aprovada no âmbito do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) desde a criação do ICM/ICMS, em 1967. Dessa forma, existem produtos que gozam desses benefícios há mais de 30 anos. Também existem as imunidades constitucionais: estão imunes do ICMS livros, jornais, papel destinado à impressão; templos religiosos; partidos políticos e outros. Há ainda outro meio de conceder isenções ou redução de carga tributária, que são os decretos estaduais, promulgados com base no artigo 112 da lei estadual 6.374/89."
Edson Aparecido, deputado estadual e presidente do Diretório Municipal do PSDB (São Paulo, SP)

Transgênicos
"A Folha prestaria um grande serviço à sociedade se desse mais espaço aos dados de diversos países mostrando que os transgênicos têm trazido claros benefícios ao agronegócio e ao meio ambiente, sendo tão seguros para o consumo humano quanto os alimentos convencionais." Marcelo Menossi , professor do Depto. de Genética e Evolução do Instituto de Biologia da Unicamp (Campinas, SP)

Infra-estrutura
"As péssimas condições de tráfego da grande maioria das estradas brasileiras são o principal entrave para que nosso país se transforme em um gigantesco produtor agrícola, com capacidade de atender satisfatoriamente ao consumo interno, além de assumir uma posição de absoluto destaque no mercado internacional, cumprindo o seu destino, que é o de vir a ser o celeiro do mundo. É inadmissível que o agronegócio no Brasil fique marcando passo em razão da falta de uma estrutura que favoreça o escoamento da produção. Em algumas áreas, a exemplo do Centro-Oeste, a capacidade de exploração agrícola é subaproveitada, sendo vergonhosamente comum o apodrecimento de safras nos campos de cultivo por falta de rotas de transporte."
Júlio Ferreira (Recife, PE)

Pedágios
"Boas férias, boa viagem, com os aumentos de pedágio de até 12% -a mamata do século, criada pela dupla Covas-Alckmin."
Antonio Carlos Ciccone (São Paulo, SP)

Armas
"O governo divulgou que um dos objetivos da Lei do Desarmamento, além de restringir o uso de armas de fogo, é estimular o desarmamento da população. Só se for o desarmamento da população não-bandida! Quem ganha com isso são só os bandidos, que podem assaltar sem medo de a vítima estar armada."
Conrado de Paulo (Bragança, SP)

Vida de cônjuge
"Num mundo em que as mulheres vêm sepultando a milenar hegemonia masculina, assumindo postos de comando nas empresas, destacando-se nas ciências, nas artes, nos esportes, na política etc., o perfil patético que a coluna de Mônica Bergamo traçou da mulher de Paulo Maluf, dona Sylvia, fez-me sentir pena dela (Ilustrada, pág. E2, 4/7). Deve ser horrível enxergar-se como mera sombra de alguém; deve ser torturantemente tedioso atravessar dias, semanas, meses, anos dedicando-se a futilidades, a assistir programas imbecilizantes na TV e, ainda por cima, tentando fugir da realidade que os jornais apresentam diariamente sobre seu marido, recusando-se a lê-los."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

É o fim
"Confesso que estou muito assustado com alguns fatos. A banalidade de uma execução "ao vivo e em cores", em praça pública na Cisjordânia, estampada no jornal, a mediocridade de estudantes das melhores universidades do país abaixando as calças dentro de uma reitoria e a possibilidade de o Ministério Público, uma instituição tão importante para a sociedade, ser tolhido de iniciar uma investigação geram dentro de mim uma tremenda indignação. A partir do momento em que deparamos com tais acontecimentos e não ficamos perplexos, já não enxergamos mais nada. E, conseqüentemente, precisamos urgentemente desembaçar nossa visão."
Michel dos Santos (Londrina, PR)


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