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Editoriais
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Reforma urbana
Parece haver um crônico descompasso entre a dimensão dos
problemas de uma cidade como
São Paulo e o gênero de iniciativas
a que se dedicam seus administradores. Entreveros com camelôs,
novos métodos de fresamento asfáltico ou a periódica limpeza de
bocas-de-lobo, sem contar os factoides que volta e meia se alçam à
categoria de grandiosos projetos
urbanísticos, surgem quase como
que a principal atribuição dos prefeitos que se sucedem.
São raras as ocasiões, portanto,
em que se pode saudar uma iniciativa de real abrangência, como a
aprovada nesta terça-feira pela
Câmara Municipal. Trata-se de impor uma taxação progressiva, e especialmente severa, aos imóveis
sem uso da região central.
Caso não venham a apresentar
índices mínimos de ocupação, ou
não sejam destinados à construção de moradias populares, terrenos e prédios subutilizados passarão a pagar alíquotas cada vez
mais altas de IPTU. O imposto predial seria anualmente duplicado,
até a porcentagem máxima de
15% do valor do imóvel. Após cinco anos de notificações, a prefeitura poderá desapropriá-lo, em troca de títulos da dívida pública.
Segundo a prefeitura, a lei pode
motivar a construção de 250 mil
imóveis na região central, especialmente nas áreas definidas como de interesse social pelo plano
diretor -o que significaria criar
moradias para cerca de um milhão de pessoas, em locais já beneficiados por uma completa infraestrutura urbana.
Ainda que tais estimativas devam ser tratadas com prudência, é
inegável que a cidade passa a contar com instrumentos de grande
eficácia no sentido de racionalizar
a ocupação do solo, de dar utilidade social à propriedade urbana, e
de estimular a construção civil.
Apresentado pela liderança do
prefeito Gilberto Kassab na Câmara, o projeto poderia ser mais amplo, de modo a abranger mais
imóveis da cidade. É, mesmo assim, um avanço -que precisa ser
regulamentado o quanto antes.
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