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LUIZ FERNANDO VIANNA
E agora, companheiro?
RIO DE JANEIRO - Após 16 anos como deputado federal, Fernando Gabeira estará em 2011 sem mandato
parlamentar e sem nenhuma função política conquistada no voto.
Embora possa ser considerada
até necessária, para quebrar o pensamento único que assola o Estado,
sua candidatura a governador do
Rio pelo PV é inglória. As pesquisas
mostram que pode perder no primeiro turno.
A única chance que tem de derrotar o atual ocupante do cargo é que
aflore algum escândalo nos próximos três meses. No entanto, por
mais que se estranhe que um homem de classe média como Sérgio
Cabral tenha comprado uma ampla
casa no litoral fluminense vivendo
há duas décadas como político profissional, ainda não se provou nada
contra ele.
Na imprensa local, as reportagens críticas a seu governo são raríssimas. Predominam as loas diárias à sua política de segurança, o
apoio entusiasmado à sua revolta
contra a possível perda de royalties
do petróleo, as referências simpáticas a ele em perfis e colunas.
Querido por jornalistas e respeitado por donos de jornal, Gabeira já
não parece comover estes nem outros grupos, que estranham sua
aliança pragmática com o DEM de
Cesar Maia -logo ele, Gabeira, que
foi o deputado federal mais votado
do Rio em 2006 na esteira de discursos pela moralização da política.
A classe média está feliz com a
instalação das UPPs (Unidades de
Polícia Pacificadora) nas favelas, a
redução dos índices de criminalidade e a "sensação de segurança", como se escreve com frequência nos
jornais cubanos, quer dizer, cariocas. Aquinhoados pelo cofre estadual, 91 dos 92 prefeitos apoiam Cabral -a exceção é Campos dos Goytacazes, do clã Garotinho.
Gabeira sairá da campanha ainda acreditando na política oficial
ou, como outros, buscará caminhos para atuar longe dos balcões
de negócios?
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