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A CRISE REAL
Se for possível retirar uma espécie de "média" das opiniões dos
analistas econômicos, a saída da crise financeira em que o Brasil está
imerso deve dar-se pela via da desaceleração. Paradoxalmente, esse cenário aparece como o menos pessimista se for contrastado com outros,
em que as linhas de financiamento
externo para o Brasil não sejam retomadas logo. Mas, mesmo na saída
menos traumática, não é possível
"comemorar" as perspectivas de um
ajuste que vai abalar a renda e o emprego -portanto, a qualidade de vida dos brasileiros.
Como sempre, o impacto desses
momentos ruins da economia brasileira tende a ser maior nas camadas
mais pobres da população. Em 1992,
terceiro ano consecutivo de recessão
da economia brasileira, foi de 15,2%
a taxa média de desemprego medida
pelo Seade na Região Metropolitana
de São Paulo. A taxa de junho deste
ano ficou próxima dos 19%.
A julgar pelos prognósticos, o Brasil deve entrar numa dinâmica em
que recursos públicos para investir
na área social tendem a minguar. Há
quebras de arrecadação, seja na
União, seja no âmbito dos Estados e
dos municípios. Diminuem, por
exemplo, a receita do governo federal
com o IPI e a do Estado de São Paulo
com o ICMS -tributos diretamente
vinculados à atividade econômica.
Por seu turno, o esforço fiscal exigido de todas as instâncias do setor público para sinalizar aos investidores
internacionais que o país pode pagar
suas dívidas vai significar, também,
menos disponibilidade de dinheiro
para mitigar os flagelos da desaceleração econômica. Nesse cenário, a
bomba social em torno das grandes
metrópoles, que já vem explodindo
em termos de violência, tende a se
tornar ainda mais destrutiva. Na Região Metropolitana de São Paulo, a
taxa de desemprego entre jovens (de
18 a 24 anos) está próxima dos 29%.
É preciso que as autoridades estudem formas contingenciais de evitar
a derrocada da já péssima qualidade
de vida nas grandes cidades do país.
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