São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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MERCOSUL EM RISCO

O Mercosul perdeu relevância. Como realidade política subsiste. Economicamente, míngua.
O Mercosul assumiu aos olhos da diplomacia do Cone Sul, em especial a brasileira, o sentido de unir os fracos para tentar encarar com menos riscos a globalização. O bloco seria um sistema de reforço político mútuo capaz de proporcionar melhores oportunidades econômicas.
O desmanche recente ensina que não há projeto regional sustentável sem projetos nacionais consistentes. Mais ainda, revelou-se inviável a hipótese mais ousada que seria compensar a fraqueza de cada país com a construção de um bloco regional.
Governos do Mercosul aprofundaram a dependência, sobretudo a financeira, principalmente no Brasil e na Argentina.
Tentou-se agir em duas frentes simultaneamente. De um lado, pesava o consenso de Washington-caracterizado por liberalização comercial, privatizações e desregulamentação-, seguido à risca pelos países do Cone Sul. De outro, esboçavam-se políticas de integração regional que supostamente os colocariam em melhor posição diante dos EUA.
Em vez de aprofundar a integração, os países do Mercosul adotaram um aberturismo irresponsável que, a cada crise, tornou o projeto do bloco regional menos viável.
Aos olhos da comunidade internacional, talvez pese mais a imagem usada em recente edição eletrônica da revista "The Economist", em que os países do Mercosul são comparados a dominós que desabam uns sobre os outros.
Mesmo assim, ainda há quem acredite que a saída é insistir no modelo para criar oportunidades de negócios que ajudem a sair da crise.
Essa opção parece hoje mais complicada, pois os sócios do Mercosul necessitam do FMI e do beneplácito de Washington, cuja contrapartida tende a ser a aceleração da Alca.
O sonho que ocupou diplomatas renascerá apenas, a julgar pela grave crise regional e global, num futuro incerto e distante para o qual ainda não há sequer um roteiro.



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