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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Já se tornou um lugar-comum afirmar que a água é o petróleo do futuro. E o fato de uma fórmula como essa já estar relativamente repisada não a torna menos verdadeira. A exatidão é, aliás, o que transforma expressões felizes em clichês.
A tendência de valorização da água é, em princípio, uma boa notícia para o Brasil. O país é bastante privilegiado em termos de reservas de água doce. Aqui estão 16% da água potável do planeta. Além de algumas das maiores e mais copiosas bacias hidrográficas do mundo, contamos com o aquífero Guarani, que é a maior reserva subterrânea do planeta, capaz de abastecer o país por 2.500 anos. Mais ainda, as chuvas por aqui são abundantes. Mesmo no Nordeste, onde ocorrem as piores secas, chove duas vezes mais do que em Israel, por exemplo.
Se tamanha quantidade de água pode despertar a cobiça internacional, ela também nos proporciona uma boa dose de segurança quanto ao futuro hídrico e até nos torna potencialmente mais ricos.
A abundância traz paradoxalmente o risco de descuidarmos de nosso fabuloso patrimônio líquido. A notícia de que 27% dos rios e represas do Estado de São Paulo estão impróprios para abastecimento é daquelas que devem preocupar e servir de alerta. Em termos de preservação da vida aquática, a situação é ainda pior. Segundo avaliação da Cetesb, 46% dos rios paulistas foram considerados ruins ou péssimos.
É preciso desde já tomar as medidas necessárias para conservar a água com boa qualidade. A tarefa nada tem de simples. Só o Estado de São Paulo coleta diariamente 5 milhões de toneladas de esgotos, 60% dos quais são despejados em rios sem nenhum tratamento. Essa não é a única ameaça: o crescimento dos aglomerados urbanos, a ocupação irregular de áreas de preservação e até a contaminação do aquífero Guarani por agrotóxicos são perigos concretos que precisam ser encarados com seriedade. O que está em jogo é a conservação de um bem cada vez mais escasso e precioso.


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