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PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Já se tornou um lugar-comum
afirmar que a água é o petróleo do
futuro. E o fato de uma fórmula como essa já estar relativamente repisada não a torna menos verdadeira. A
exatidão é, aliás, o que transforma
expressões felizes em clichês.
A tendência de valorização da água
é, em princípio, uma boa notícia para o Brasil. O país é bastante privilegiado em termos de reservas de água
doce. Aqui estão 16% da água potável
do planeta. Além de algumas das
maiores e mais copiosas bacias hidrográficas do mundo, contamos
com o aquífero Guarani, que é a
maior reserva subterrânea do planeta, capaz de abastecer o país por
2.500 anos. Mais ainda, as chuvas
por aqui são abundantes. Mesmo no
Nordeste, onde ocorrem as piores
secas, chove duas vezes mais do que
em Israel, por exemplo.
Se tamanha quantidade de água
pode despertar a cobiça internacional, ela também nos proporciona
uma boa dose de segurança quanto
ao futuro hídrico e até nos torna potencialmente mais ricos.
A abundância traz paradoxalmente
o risco de descuidarmos de nosso fabuloso patrimônio líquido. A notícia
de que 27% dos rios e represas do Estado de São Paulo estão impróprios
para abastecimento é daquelas que
devem preocupar e servir de alerta.
Em termos de preservação da vida
aquática, a situação é ainda pior. Segundo avaliação da Cetesb, 46% dos
rios paulistas foram considerados
ruins ou péssimos.
É preciso desde já tomar as medidas necessárias para conservar a
água com boa qualidade. A tarefa nada tem de simples. Só o Estado de
São Paulo coleta diariamente 5 milhões de toneladas de esgotos, 60%
dos quais são despejados em rios
sem nenhum tratamento. Essa não é
a única ameaça: o crescimento dos
aglomerados urbanos, a ocupação
irregular de áreas de preservação e
até a contaminação do aquífero Guarani por agrotóxicos são perigos
concretos que precisam ser encarados com seriedade. O que está em jogo é a conservação de um bem cada
vez mais escasso e precioso.
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