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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Sai o WC, entra o GGG

SÃO PAULO - De saída, é forçoso explicar as impenetráveis siglas do título: WC é Washington Consensus, ou Consenso de Washington, aquele conjunto de idéias que se tornou receituário hegemônico ao menos na América Latina nos anos 90 e até muito recentemente.
GGG é "get growth going" ou, em tradução livre, "bota o país para crescer". A expressão foi cunhada ontem no jornal britânico "Financial Times" e, para que os fundamentalistas do mercado não se benzam preventivamente, por um homem do mercado, Narayan Ramchandran, chefe de mercados emergentes na Morgan Stanley Investment Management.
A tese de Ramchandran é a de que o tal Consenso de Washington está sumindo do mapa, o que não é grande novidade. Até os autores do rótulo já escreveram um livro que se poderia chamar de "Consenso de Washington - a sequela", corrigindo excessos e carências do original.
Novidade é a aposta de Ramchandran em que estratégias de crescimento estejam sendo ou venham a ser logo adotadas em um punhado de países, tal como o WC, que acabou sendo a regra quase geral.
A notável exceção -ah, mais uma ironia- é o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva. Escreve o funcionário da Morgan Stanley:
"No Brasil, a estrita adesão ao Consenso de Washington (na forma de um superávit primário de 4,25% e de taxas de juros nominais de 24,5% neste ano) tem sido premiada pelos mercados" (o que já não é uma verdade tão nítida assim).
Mas o artigo supõe que se trate de "uma caução que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está pagando antes de mostrar suas cores GGG".
Desconfio de que não seja bem assim, mas tomara que seja. O grito de "get growth going" começa a ficar ensurdecedor, desesperado e raivoso.


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