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CLÓVIS ROSSI
Sai o WC, entra o GGG
SÃO PAULO - De saída, é forçoso explicar as impenetráveis siglas do título: WC é Washington Consensus, ou
Consenso de Washington, aquele
conjunto de idéias que se tornou receituário hegemônico ao menos na
América Latina nos anos 90 e até
muito recentemente.
GGG é "get growth going" ou, em
tradução livre, "bota o país para crescer". A expressão foi cunhada ontem
no jornal britânico "Financial Times" e, para que os fundamentalistas
do mercado não se benzam preventivamente, por um homem do mercado, Narayan Ramchandran, chefe de
mercados emergentes na Morgan
Stanley Investment Management.
A tese de Ramchandran é a de que
o tal Consenso de Washington está
sumindo do mapa, o que não é grande novidade. Até os autores do rótulo
já escreveram um livro que se poderia chamar de "Consenso de Washington - a sequela", corrigindo excessos e carências do original.
Novidade é a aposta de Ramchandran em que estratégias de crescimento estejam sendo ou venham a
ser logo adotadas em um punhado de
países, tal como o WC, que acabou
sendo a regra quase geral.
A notável exceção -ah, mais uma
ironia- é o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva. Escreve o funcionário da
Morgan Stanley:
"No Brasil, a estrita adesão ao Consenso de Washington (na forma de
um superávit primário de 4,25% e de
taxas de juros nominais de 24,5%
neste ano) tem sido premiada pelos
mercados" (o que já não é uma verdade tão nítida assim).
Mas o artigo supõe que se trate de
"uma caução que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva está pagando
antes de mostrar suas cores GGG".
Desconfio de que não seja bem assim, mas tomara que seja. O grito de
"get growth going" começa a ficar ensurdecedor, desesperado e raivoso.
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