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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Dando ordem à bagunça

BRASÍLIA - Nem MST, nem sem-teto, nem invasão de prédios públicos. Na avaliação do "núcleo duro" do governo, a histeria do mercado financeiro se deve a uma desconfiança: a de que Lula não vá conseguir aprovar uma boa reforma da Previdência. Daí a forte subida do dólar e do risco-Brasil.
Lula se reuniu ontem com Palocci (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Gushiken (Comunicação) e Dulci (Secretaria Geral) e pediu empenho total na aprovação da reforma entre hoje e amanhã na Câmara.
Dirceu passou um "pente-fino", bancada por bancada, e concluiu que o governo tem maioria, com sobra, para aprovar o parecer do relator José Pimentel (PT). Mas registrou: é importante obter o máximo de votos do PT. A questão é política e simbólica.
Na expectativa do "núcleo duro", as defecções petistas serão muito menores do que as 30 alardeadas e poderão surpreender de tão poucas. Alguns darão voto em separado, outros farão muxoxo. Mas a maioria não deve deixar o governo na mão.
O PMDB, o PFL e o PSDB deverão dar montes de votos à reforma -que eles defendem desde o governo FHC-, mas com alguns "não" para marcar posição. E, no PDT, haverá votos contra Brizola, a favor do governo. Na ponta do lápis de Dirceu, dá para votar e aprovar bem.
O resultado não importa só para o equilíbrio fiscal. Importa muito para acalmar os ânimos de consultorias e de investidores internacionais, que não vêm com bom humor os recuos e demonstrações de fragilidade na tramitação das reformas.
Quanto à unificação de movimentos sociais (MST, sem-teto, Pastoral da Terra, sindicatos...), que estariam armando mobilização nacional para 13/9: o Planalto não crê. Alega que as motivações são muito diferentes. Um quer terra; outro, casa; o terceiro, salário. Cada caso é um caso, diz. Vêm aí boas novas para habitação e reforma agrária. Mas, se houver invasões ilegais, chama a polícia!
Trata-se de tentar dar ordem à bagunça e afastar uma perspectiva maldita: a perda de controle.


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