São Paulo, quarta-feira, 05 de setembro de 2007

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Inchaço em Brasília

EMBORA seja legítimo que os Estados tenham representações em Brasília para defender seus interesses, reportagem publicada pela Folha anteontem aponta excessos evidentes. Parte das "embaixadas" estaduais está superdimensionada e se tornou cabide de emprego para políticos desempregados, parentes e amigos de governadores e até pessoas envolvidas em escândalos.
Cabem à representação estadual atribuições como acompanhar questões de interesse do governador no Congresso, assessorar autoridades do Estado em viagem a Brasília e representá-las em solenidades. Essa função de articulação política gera cobiça na esfera estadual, dados os bons salários, os benefícios e o fácil acesso ao poder federal.
Alguns dos exageros são gritantes. Tomem-se como exemplos as representações da Paraíba, que contrata 45 servidores -26 deles sem concurso-, e do Tocantins, a maior, com 65 funcionários e orçamento anual de R$ 2,5 milhões. Já Santa Catarina e Goiás têm amplas casas no Lago Sul, o bairro que abriga as embaixadas de verdade.
Os representantes argumentam prestar um serviço indispensável às suas regiões de origem, mas vale lembrar que cada unidade federativa já possui no Congresso três senadores e de oito a 70 deputados.
Sob esse prisma, o gordo aparato das representações parece ainda mais dispensável. Os Estados dariam uma demonstração de responsabilidade com os recursos públicos e de transparência com seus eleitores se reavaliassem essas despesas na capital e determinassem a obrigatoriedade de que os funcionários ali alocados sejam contratados por concurso público.


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