São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Nem tão limpinha nem tão cheirosa

BRASÍLIA - O PT vence no resto do país, e o PSDB tem boas chances de ganhar em São Paulo. Confirmados esses dois pratos da balança eleitoral no segundo turno, fica difícil dizer quem é realmente o grande vencedor.
Quantas capitais do Norte, do Centro-Oeste e mesmo do Sul são necessárias para contrabalançar o "prato" São Paulo? É por isso que o PT vai para a eleição paulistana no segundo turno sem dó nem piedade.
Serra e Alckmin têm interesse em defender uma campanha limpinha e cheirosa, porque, afinal, o candidato tucano está em situação mais confortável. Teve quase oito pontos a mais, as pesquisas indicam que é a opção de 70% dos malufistas do primeiro turno e mantém um índice menor de rejeição -15% contra 31% de Marta.
O "paz e amor" de Duda Mendonça, pois, não está mais com nada. Aliás, já não estava mesmo. Para aumentar a rejeição de Serra, subtrair votos que ele já teve e seduzir o eleitorado que, no primeiro turno, não queria nem um nem outro, Marta vai ter de ir com tudo. Arriscado? Arriscadíssimo, porque bater pode tanto tirar voto de quem apanha quanto de quem bate. Mas não tem jeito.
O PT fez seis capitais no primeiro turno e disputa mais nove no segundo, quatro das quais contra o PSDB. No "Triângulo das Bermudas", o PT fechou Belo Horizonte, com Fernando Pimentel, e o PSDB tem pelo menos o aliado PFL no Rio, com César Maia. Hoje, o PFL não é nada sem o PSDB.
O fator decisivo é São Paulo. Aliás, quem disse isso desde o início foram os próprios petistas e tucanos. Tanto disseram que nós acreditamos. Se Marta conseguir uma reviravolta -sempre possível em segundos turnos-, o PT terá a hegemonia do país. Se Serra confirmar o favoritismo, PT e PSDB terão melhor equilíbrio. Em qualquer caso, a balança PT-PSDB pode durar longos anos.
Os dois se prepararam para 20 anos no poder e estão conseguindo. Só que juntos -e parecidos. Suas disputas sangrentas não projetam alternância entre esquerda e direita. Mas a social-democracia reinando absoluta.


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