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ELIANE CANTANHÊDE
Nem tão limpinha nem tão cheirosa
BRASÍLIA - O PT vence no resto do país, e o PSDB tem boas chances de
ganhar em São Paulo. Confirmados
esses dois pratos da balança eleitoral
no segundo turno, fica difícil dizer
quem é realmente o grande vencedor.
Quantas capitais do Norte, do Centro-Oeste e mesmo do Sul são necessárias para contrabalançar o "prato"
São Paulo? É por isso que o PT vai para a eleição paulistana no segundo
turno sem dó nem piedade.
Serra e Alckmin têm interesse em
defender uma campanha limpinha e
cheirosa, porque, afinal, o candidato
tucano está em situação mais confortável. Teve quase oito pontos a mais,
as pesquisas indicam que é a opção
de 70% dos malufistas do primeiro
turno e mantém um índice menor de
rejeição -15% contra 31% de Marta.
O "paz e amor" de Duda Mendonça, pois, não está mais com nada.
Aliás, já não estava mesmo. Para aumentar a rejeição de Serra, subtrair
votos que ele já teve e seduzir o eleitorado que, no primeiro turno, não
queria nem um nem outro, Marta
vai ter de ir com tudo. Arriscado? Arriscadíssimo, porque bater pode tanto tirar voto de quem apanha quanto
de quem bate. Mas não tem jeito.
O PT fez seis capitais no primeiro
turno e disputa mais nove no segundo, quatro das quais contra o PSDB.
No "Triângulo das Bermudas", o PT
fechou Belo Horizonte, com Fernando Pimentel, e o PSDB tem pelo menos o aliado PFL no Rio, com César
Maia. Hoje, o PFL não é nada sem o
PSDB.
O fator decisivo é São Paulo. Aliás,
quem disse isso desde o início foram
os próprios petistas e tucanos. Tanto
disseram que nós acreditamos. Se
Marta conseguir uma reviravolta
-sempre possível em segundos turnos-, o PT terá a hegemonia do
país. Se Serra confirmar o favoritismo, PT e PSDB terão melhor equilíbrio. Em qualquer caso, a balança
PT-PSDB pode durar longos anos.
Os dois se prepararam para 20 anos
no poder e estão conseguindo. Só que
juntos -e parecidos. Suas disputas
sangrentas não projetam alternância
entre esquerda e direita. Mas a social-democracia reinando absoluta.
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