São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

A complicação São Paulo

SÃO PAULO - Tudo leva a crer que o apoio do presidente Lula à prefeita Marta Suplicy não tenha feito aumentar a cesta de votos da candidata petista. As pesquisas feitas antes de que Lula explicitasse o apoio mostram que Marta tinha mais ou menos o mesmo tamanho eleitoral com que terminou o primeiro turno.
Se foi assim, fica definitivamente claro que o voto, no domingo, foi guiado substancialmente pelas questões locais. Ou, posto de outra forma: o eleitorado de Aracaju (SE), por exemplo, votou muitíssimo mais no governo de Marcelo Déda, o prefeito petista reeleito, do que no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A menos que se queira considerar a esdrúxula hipótese de que o efeito do governo Lula varie conforme a cidade. Em Recife, por exemplo, teria sido formidável, a ponto de permitir cômoda reeleição do petista João Paulo, mas, em São Bernardo do Campo, foi exatamente o contrário, tanto que destroçou a candidatura do também petista Vicente Paulo da Silva, um dos mais queridos amigos do presidente (e que com ele se exibiu, aliás, no domingo da votação).
O peso predominante do fator local não quer dizer, de todo modo, que o PT e, por extensão, o presidente não tenham lucrado bastante.
O partido foi o mais votado em todo o país e teve ótimos resultados nas grandes cidades, que são fortes câmaras de eco políticas de cada Estado, o que fortalece a sua musculatura para 2006, tanto no que se refere à disputa presidencial como às estaduais.
Posto de outra forma: mantidas as atuais condições de temperatura e pressão na economia, as chances de reeleição de Lula passam de 80%.
Mas, olho, petistas. São Paulo é um complicador: o presidente não conseguiu empurrar minimamente a sua candidata, que, por sua vez, não foi considerada merecedora de outros quatro anos por mais de 6 em cada 10 eleitores.
O tamanho da complicação paulista/paulistana, no entanto, só ficará claro depois do segundo turno.


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