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CLÓVIS ROSSI
A complicação São Paulo
SÃO PAULO - Tudo leva a crer que o apoio do presidente Lula à prefeita
Marta Suplicy não tenha feito aumentar a cesta de votos da candidata
petista. As pesquisas feitas antes de
que Lula explicitasse o apoio mostram que Marta tinha mais ou menos o mesmo tamanho eleitoral com
que terminou o primeiro turno.
Se foi assim, fica definitivamente
claro que o voto, no domingo, foi
guiado substancialmente pelas questões locais. Ou, posto de outra forma:
o eleitorado de Aracaju (SE), por
exemplo, votou muitíssimo mais no
governo de Marcelo Déda, o prefeito
petista reeleito, do que no governo de
Luiz Inácio Lula da Silva.
A menos que se queira considerar a
esdrúxula hipótese de que o efeito do
governo Lula varie conforme a cidade. Em Recife, por exemplo, teria sido
formidável, a ponto de permitir cômoda reeleição do petista João Paulo,
mas, em São Bernardo do Campo, foi
exatamente o contrário, tanto que
destroçou a candidatura do também
petista Vicente Paulo da Silva, um
dos mais queridos amigos do presidente (e que com ele se exibiu, aliás,
no domingo da votação).
O peso predominante do fator local
não quer dizer, de todo modo, que o
PT e, por extensão, o presidente não
tenham lucrado bastante.
O partido foi o mais votado em todo o país e teve ótimos resultados nas
grandes cidades, que são fortes câmaras de eco políticas de cada Estado, o
que fortalece a sua musculatura para
2006, tanto no que se refere à disputa
presidencial como às estaduais.
Posto de outra forma: mantidas as
atuais condições de temperatura e
pressão na economia, as chances de
reeleição de Lula passam de 80%.
Mas, olho, petistas. São Paulo é um
complicador: o presidente não conseguiu empurrar minimamente a sua
candidata, que, por sua vez, não foi
considerada merecedora de outros
quatro anos por mais de 6 em cada 10
eleitores.
O tamanho da complicação paulista/paulistana, no entanto, só ficará
claro depois do segundo turno.
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