São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Comparações e contestações
JOSÉ GENOINO
O presidente do PFL se mostra pretensioso ao querer encurralar o PT por ter se oposto à CPI do Senado para investigar o caso Waldomiro. Pretensioso porque, no governo Fernando Henrique Cardoso, foi um dos artífices do período de maior engavetamento de CPIs. Basta lembrar as principais: CPI para investigar a compra de votos da emenda da reeleição, CPI da Pasta Rosa e CPI dos Grampos do BNDES. Em termos de escândalo, convém lembrar que Bornhausen deu sustentação ao presidente Collor, primeiro e único a sofrer impeachment na história do Brasil. Deu sustentação a esse mesmo governo que confiscou a poupança e os ativos em conta corrente, cometendo um dos maiores atentados contra um direito e uma garantia fundamentais da pessoa, sacramentados na Constituição. Lembrando ainda que Bornhausen apoiou o regime militar, é com todo esse histórico que se atreve a acusar o PT de sabotar a democracia. No primeiro ano do governo Lula, o Congresso aprovou as reformas da Previdência e tributária -feito que o governo anterior, apoiado por Bornhausen, não consegui em oito anos. Na reforma da Previdência atacaram-se os privilégios das altas aposentadorias e instituiu-se o princípio da eqüidade. O governo Lula propôs, de fato, taxação de inativos, mas com um limite de isenção para proteger aqueles setores que percebem aposentadorias mais baixas. O governo FHC havia proposto taxação de inativos sem limite de isenção. E agora o senador do PFL vem falar em punição dos aposentados. Fala mais: diz que a reforma Tributária aumentou os impostos astronomicamente. Esquece-se de dizer que, nos oito anos do governo do qual fez parte, a carga tributária subiu de 26% para 36% do PIB. Trata-se do maior incremento fiscalista da história do Brasil. O governo Lula, na verdade, está iniciando um processo de redução da carga tributária. Para favorecer a produção, baixou o IPI sobre os bens de capitais a 2%; com o pacote "Invista Já", reduziu o custo do investimento em 5% e desonerou os produtos da cesta básica do pagamento do ICMS. O governo anterior, ao praticar o populismo cambial, deixou uma dívida nefasta para as gerações futuras. Desorganizou as exportações, acumulando sucessivos déficits na balança comercial e de pagamentos, e elevou a dívida pública de 33% do PIB para mais de 57% do PIB. O governo Lula está recuperando o vigor exportador do Brasil, atingindo um superávit, em 2003, de mais de US$ 20 bilhões. Em 2004 deverá chegar perto de US$ 30 bilhões. Bornhausen diz que o Brasil está crescendo menos do que a média mundial. De fato está. A causa disso é a alta dívida pública e a alta carga tributária, elevadas astronomicamente, sim, pelo governo FHC. Mesmo assim o Brasil crescerá em 2004, 2005 e 2006 uma média de 4% ao ano. A média anual de crescimento do PIB nos oito anos de governo do PSDB e do PFL foi de apenas 2,3%. O governo Lula está diminuindo também a dívida pública, que agora está em 54% do PIB. Crescimento e emprego foram as duas principais promessas de campanha do PT e de Lula. São esses dois ativos fundamentais para o bem-estar do povo e para a superação da pobreza que o governo Lula está resgatando. É verdade que o presidente Lula pediu votos para Marta Suplicy na inauguração de trecho da Radial Leste. Reconheceu o erro e pediu desculpas. Fernando Henrique pediu votos para Geraldo Alckmin, candidato a prefeito em 2000, numa inauguração de trecho do Rodoanel. Não reconheceu o erro e não pediu desculpas. O senador Bornhausen silencia sobre o assunto. Por fim, PT e PTB celebraram um acordo político e eleitoral transparente, no qual não há o que esconder. José Genoino, 58, é o presidente nacional do PT. Foi deputado federal pelo PT de São Paulo (1999-2003). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Jorge Boaventura: A incrível realidade do Fed Índice |
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