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NOVAS ARMAS DO BC
Há um ano, a economia brasileira
mergulhava numa de suas piores crises financeiras, resultado da manutenção da taxa de câmbio artificialmente valorizada e da percepção, no
mercado global, de que o país avançava muito lentamente nas reformas.
A lentidão e a baixa qualidade das
reformas persistem. Mas o abandono da âncora cambial foi um avanço
na execução da política econômica e
abriu espaço para formulação de novas estratégias. O sentimento de catástrofe iminente parece afastado.
Ontem, o novo cenário se revelava
de modo claro. Após algumas semanas de pressões localizadas sobre as
contas externas, o governo teve o
bom senso de pressionar o FMI e obter mais liberdade para recorrer às reservas para lidar com o câmbio. De
resto, o BC anunciou medidas para
dar maior transparência e flexibilidade à oferta de crédito; para reorganizar o mercado de títulos públicos,
também com o fim de obter mais
previsibilidade -condição para que
ocorra redução nas taxas de juros.
Enfim, tendo abandonado a obsessão de perseguir metas macroeconômicas engessadas doutrinariamente,
o BC pode dedicar-se a importantes
reformas microeconômicas, que afetam o cotidiano dos mercados de
moeda, de crédito e de câmbio.
Talvez não por acaso, tais providências têm sido acompanhadas pelo
otimismo na Bolsa, por um recuo do
dólar e dos juros no mercado futuro.
Se é fato que falta ainda muito para
dar consistência aos fundamentos da
economia, mudanças recentes na política do BC ao menos permitem percurso menos acidentado e turbulento. Mas outros ajustes, estruturais,
são ainda penosamente negociados.
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