São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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NOVAS ARMAS DO BC

Há um ano, a economia brasileira mergulhava numa de suas piores crises financeiras, resultado da manutenção da taxa de câmbio artificialmente valorizada e da percepção, no mercado global, de que o país avançava muito lentamente nas reformas.
A lentidão e a baixa qualidade das reformas persistem. Mas o abandono da âncora cambial foi um avanço na execução da política econômica e abriu espaço para formulação de novas estratégias. O sentimento de catástrofe iminente parece afastado.
Ontem, o novo cenário se revelava de modo claro. Após algumas semanas de pressões localizadas sobre as contas externas, o governo teve o bom senso de pressionar o FMI e obter mais liberdade para recorrer às reservas para lidar com o câmbio. De resto, o BC anunciou medidas para dar maior transparência e flexibilidade à oferta de crédito; para reorganizar o mercado de títulos públicos, também com o fim de obter mais previsibilidade -condição para que ocorra redução nas taxas de juros.
Enfim, tendo abandonado a obsessão de perseguir metas macroeconômicas engessadas doutrinariamente, o BC pode dedicar-se a importantes reformas microeconômicas, que afetam o cotidiano dos mercados de moeda, de crédito e de câmbio.
Talvez não por acaso, tais providências têm sido acompanhadas pelo otimismo na Bolsa, por um recuo do dólar e dos juros no mercado futuro. Se é fato que falta ainda muito para dar consistência aos fundamentos da economia, mudanças recentes na política do BC ao menos permitem percurso menos acidentado e turbulento. Mas outros ajustes, estruturais, são ainda penosamente negociados.


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