São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Atentados
"Discordo, em alguns pontos, do artigo "Linhas tortas", de Otavio Frias Filho (Opinião, pág. A2, 1º/11). Concordo que a reação americana aos atentados de 11 de setembro tem sido agressiva, mas discordo de que o episódio possa vir a "fortalecer a mentalidade multiculturalista que já vinha crescendo nos EUA na ultima década". Os americanos estão furiosos com o fato de estrangeiros vivendo em solo americano serem responsáveis pelo ocorrido no dia 11 de setembro. A segregação dos estrangeiros (não só de origem islâmica) só aumentará no futuro. Depois de viver nos EUA por cinco anos e ter voltado ao Brasil há duas semanas, posso afirmar que a porta de entrada daquele país está se fechando para muitos estrangeiros. Embora eu seja otimista, não acho que o ocorrido no dia 11 de setembro vá ajudar na pacificação do Oriente Médio; lá vivem pessoas, com ideais religiosos, que não estarão abertas a idéias de diferentes religiões. Por mais que eu tente ver o lado positivo do atentado do dia 11, a última imagem na minha memória é a de um World Trade Center todo destruído, lojas de Manhattan fechando, americanos usando máscaras na rua, policiais por todo o lado e o turismo na cidade de Nova York praticamente morto."
Fernando Murcia (Guaratinguetá, SP)

"Acho que os EUA não conseguirão evitar a proliferação do bioterrorismo em seu território. Por mais que se fiscalizem as empresas de biotecnologia, haverá sempre a sombra do terror. E, na minha modesta opinião, é gente de lá mesmo que está promovendo o pânico através das cartas."
Fernando Al-Egypto (Rio de Janeiro, RJ)

Momento célebre
"O sr. Celso Balotti, em carta nesta Folha ("FHC", "Painel do Leitor", pág. A3, 2/11), mostrou um enorme despreparo na discussão das questões diplomáticas brasileiras, ao expor seu descontentamento com o discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso em Paris. Com palavras como "dizendo o que a platéia deseja ouvir, até eu", acerca dos aplausos dos parlamentares e empresários ao nosso presidente, o sr. Balotti, infelizmente, não se apercebeu de que aquele foi um dos momentos mais célebres da política internacional brasileira. Ao "jogar pra torcida", nosso representante foi simples e inteligentemente diplomático, conseguindo com o seu conhecimento fazer um paralelo comovente entre Brasil e França e, com isso, afirmar de forma sabiamente sutil a crítica brasileira ao subsídio agrícola francês. Gostaria de deixar claro que não sou peessedebista nem chacrete de FHC, só um brasileiro que sabe reconhecer os feitos benéficos para o nosso país e diferenciar a pessoa de seu cargo."
Hilário Santos de Matos (Guarujá, SP)

Preocupação
"O panorama da sucessão presidencial apresentado por Fernando Rodrigues ("A TV na sucessão", Opinião, pág. A2, 3/11) me deixou muito preocupado. A projeção que alguns personagens políticos vêm obtendo indica que a opinião pública brasileira, traduzida nos resultados de pesquisas eleitorais, ainda se mostra muito ingênua e manipulável, parecendo que pouco ou nada se aprendeu com a duríssima lição perpetrada pela "república das Alagoas", de Collor."
Martônio Ribeiro (Ribeirão Preto, SP)

Pílula
"Como médico, quero fazer algumas perguntas sobre a pílula do dia seguinte, tema de reportagem publicada em 4/11 ("Acesso à pílula do dia seguinte é facilitado", Cotidiano, pág. C6): Dar uma pílula abortiva a uma jovem de 15 anos (como citado no texto, com certeza para chocar) será que resolve o problema dela? Como consta da própria reportagem, ela terá 85% de chances de não ficar grávida. E se ocorrerem os outros 15%? Será que a criança nascerá sem problemas físicos ou mentais? Em toda a medicina se busca a causa do mal. Por que, quando se diz respeito à sexualidade do jovem, se busca corrigir a consequência? Se tem idade para o sexo, por que não tem idade para assumir as consequências? A corda sempre estoura do lado mais fraco (nesse caso, do bebê que viria a nascer)!"
Walter Djanikian (Lins, SP)

Dízimo
"Em entrevista à Folha ("Tentam inviabilizar nosso projeto", Brasil, pág. A4, 4/ 11), Olívio Dutra disse: "Temos de criar uma cultura em que os filiados contribuam efetiva e regularmente com o partido. Temos de ter um orçamento participativo interno, com o qual ninguém deixe de contribuir". Ser petista sempre me pareceu mais uma opção de cunho religioso do que de natureza política, já que se respalda mais na emoção que na razão. Agora, com a instituição do "dízimo" pelo governador Dutra, o que parecia ser tornou-se uma certeza."
Rodrigo Borges de Campos Netto
(Brasília, DF)

Traição
"A propósito do artigo "É necessário que o povo saiba", do dr. Ives Gandra ("Tendências/Debates", pág. A3, 4/11), gostaria de me manifestar. Suas premissas são irrefutáveis, mas o fecho pareceu-me utópico. Para um basta aos "donos do poder", é necessário que o eleitorado seja esclarecido, que domine e pratique a leitura -o que não acontece. Ainda assim, não é totalmente seguro. Eu mesmo busquei, seguindo esse princípio, contribuir, através do voto, para melhorar esse quadro. Votei para deputado federal em certo candidato com perfil moldado para isso. Com uma vantagem: nunca fora político. Uma de suas primeiras ações foi mudar de partido: pretendia se candidatar a prefeito, o que foi negado pelo partido pelo qual se elegeu. Não constava na sua plataforma tal pretensão. Fui traído."
Mahmud Ahmed
(São José dos Campos, SP)

Danuza
"Que bom abrir o jornal ontem e encontrar um artigo da Danuza Leão ("Uma tia", Cotidiano, pág. C2). "Apesar" de ela ser carioca (brincadeirinha), gosto muito dela e da maneira tão casual como escreve. Tomara tê-la sempre na Folha, de agora em diante."
Délia Guelman (São Paulo, SP)

Desinformação
"As LER (Lesões por Esforços Repetitivos) -ou Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho)- têm o diagnóstico firmado com um bom exame clínico, segundo a Ordem de Serviço nº 606 do INSS, que as reconhece como doença relacionada ao trabalho. O SUS também reconhece a doença e o Ministério da Saúde inclui a mesma na lista de doenças relacionadas ao trabalho. As LER/Dort são termos que abrigam as afecções músculo-esqueléticas, tais como tendinite, tenossinovite, síndrome do túnel do carpo, como é do conhecimento de 16% da população, segundo dados do Datafolha. A OMS reconhece as doenças e não a sigla. O preconceito e a desinformação de algumas pessoas não dimensionam a realidade. Nos EUA, dois terços dos afastamentos do trabalho, segundo a OMS, custam à previdência americana US$ 650 bilhões. A invisibilidade das LER é muito grande: 84% da população paulistana desconhece essas doenças. Conscientizar a sociedade sobre o problema das LER/ Dort é o nosso maior objetivo."
Maria José O'Neill, presidente do Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort (São Paulo, SP)



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