|
Próximo Texto | Índice
CÂMBIO E PRODUÇÃO
Algumas commodities -soja,
açúcar, tabaco, suco de laranja
e carnes- exportadas pelo país ficaram mais caras no mercado internacional. O aumento nos preços e a
desvalorização da taxa de câmbio,
em torno de 53%, impulsionaram o
saldo da balança comercial brasileira. Nessas circunstâncias, alguns setores passaram a dar prioridade ao
mercado externo em detrimento do
doméstico. Esse movimento reduziu
a disponibilidade de alguns produtos para consumo no país.
As indústrias de aços semimanufaturados, açúcar, algodão e papel deslocaram parte significativa de seus
produtos para o mercado externo, o
que resultou numa redução na oferta
interna. Aparentemente, o setor siderúrgico aproveita a expansão da demanda para elevar os seus preços e
recuperar as suas margens de lucro.
As indústrias de construção civil e de
autopeças, que utilizam o aço como
matéria-prima, enfrentam restrições
de oferta e pressões para aumentos
de preços. A falta de peças já paralisou a produção da Fiat em Betim
(MG) na sexta-feira passada.
Ao governo cabe monitorar com
bastante cuidado esses movimentos,
alguns ocorridos em segmentos oligopolizados. O momento é propício
para práticas abusivas e/ou elevações
conjuntas de preços por indústrias
altamente concentradas. Isso exige
uma atuação firme do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e
da Secretaria de Direito Econômico
do Ministério da Justiça, bem como
da Secretaria de Acompanhamento
Econômico, da Fazenda.
Além disso, impõe-se a necessidade de induzir a expansão da oferta,
mediante rápida ampliação da capacidade produtiva, nos setores mais
vulneráveis. Nesse campo, o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possui vários instrumentos para uma ação incisiva. Seus financiamentos poderiam alvejar a expansão dos setores
mais pressionados. Dessa forma,
procurar-se-ia garantir a expansão
das exportações, sem comprometer
o dinamismo do mercado interno.
São políticas fundamentais para reduzir a vulnerabilidade externa e sustentar o crescimento da economia.
Próximo Texto: Editoriais: SEQUESTRO DE VOTOS Índice
|