São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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CÂMBIO E PRODUÇÃO

Algumas commodities -soja, açúcar, tabaco, suco de laranja e carnes- exportadas pelo país ficaram mais caras no mercado internacional. O aumento nos preços e a desvalorização da taxa de câmbio, em torno de 53%, impulsionaram o saldo da balança comercial brasileira. Nessas circunstâncias, alguns setores passaram a dar prioridade ao mercado externo em detrimento do doméstico. Esse movimento reduziu a disponibilidade de alguns produtos para consumo no país.
As indústrias de aços semimanufaturados, açúcar, algodão e papel deslocaram parte significativa de seus produtos para o mercado externo, o que resultou numa redução na oferta interna. Aparentemente, o setor siderúrgico aproveita a expansão da demanda para elevar os seus preços e recuperar as suas margens de lucro. As indústrias de construção civil e de autopeças, que utilizam o aço como matéria-prima, enfrentam restrições de oferta e pressões para aumentos de preços. A falta de peças já paralisou a produção da Fiat em Betim (MG) na sexta-feira passada.
Ao governo cabe monitorar com bastante cuidado esses movimentos, alguns ocorridos em segmentos oligopolizados. O momento é propício para práticas abusivas e/ou elevações conjuntas de preços por indústrias altamente concentradas. Isso exige uma atuação firme do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, bem como da Secretaria de Acompanhamento Econômico, da Fazenda.
Além disso, impõe-se a necessidade de induzir a expansão da oferta, mediante rápida ampliação da capacidade produtiva, nos setores mais vulneráveis. Nesse campo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possui vários instrumentos para uma ação incisiva. Seus financiamentos poderiam alvejar a expansão dos setores mais pressionados. Dessa forma, procurar-se-ia garantir a expansão das exportações, sem comprometer o dinamismo do mercado interno. São políticas fundamentais para reduzir a vulnerabilidade externa e sustentar o crescimento da economia.


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