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Dólares de sobra
ENTRE janeiro e outubro, o
superávit acumulado no
mercado de câmbio brasileiro somou US$ 35,2 bilhões,
um crescimento de 165% sobre o
saldo de US$ 13,2 bilhões no
mesmo período do ano passado.
Esse resultado decorre do saldo comercial (US$ 44,7 bi), compensado por uma saída (US$ 9,5
bi) no segmento financeiro (investimentos, empréstimos, turismo, juros, lucros etc.).
Diante desse fluxo de recursos,
o BC tem comprado perto de
US$ 500 milhões por dia, o que
acrescentou US$ 28,6 bilhões às
reservas internacionais. Mesmo
assim, o real se valorizou 7,9%
ante o dólar no período.
O BC também reduziu a taxa
de juros básica em seis pontos
percentuais, de 19,75% em setembro de 2005 para 13,75%
agora. No entanto, o juro real
(descontando a inflação) cedeu
apenas 2,5 pontos. Em setembro
de 2005, estava em 12,7%. Em
outubro de 2006, era de 10,21%.
Essas altas taxas de juros fomentam a entrada de dólares, seja dos exportadores, seja dos investidores externos. Estima-se
uma massa de "dólares virtuais"
-oscilando entre US$ 15 bilhões
e 70 bilhões-, associada às aplicações estrangeiras no mercado
futuro de dólar da BM&F.
Essa tendência permanente à
valorização da moeda brasileira
tem levado alguns economistas a
defender que o Brasil adote medidas para controlar a entrada de
dólares. Tais propostas refletem
preocupações concretas com as
conseqüências do atual arranjo
cambial para a indústria.
O diagnóstico desses economistas está correto, mas eles se
precipitam ao recomendar o
controle de capitais. Enquanto
os juros brasileiros estiverem em
patamar tão discrepante dos globais, a indicação continuará a ser
ortodoxa: reduzir a Selic.
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