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EXPLICAÇÕES AGUADAS
Soçobram muitas das explicações
alardeadas nos últimos dias sobre o
que contribuiu para tornar ainda pior
o efeito de uma catástrofe natural
-as chuvas fortes sobre o Sudeste.
As dezenas de milhares de desabrigados e as famílias dos mortos em
decorrência das chuvas ainda esperam satisfações das autoridades públicas. Por exemplo, esperam-se
boas justificativas dos responsáveis
pelo fluxo de verbas federais. Por que
não se liberou um tostão para Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro do
que estava previsto no Orçamento, e
mesmo do dinheiro cujo repasse já
estava autorizado pelo governo, para
obras de contenção de enchentes?
Se o contingenciamento dessas verbas era essencial para conter o déficit
público, é preciso que as autoridades
federais expliquem à população o critério para esses cortes e assumam o
bônus ou o ônus político da decisão.
Não é menos controverso o que se
diz sobre a via Dutra, onde um trecho
alagado foi interrompido nos dois
sentidos e onde uma faixa na região
de Lavrinhas (SP) continua interditada pela queda de barreiras.
É ou não da competência da concessionária privada que administra a
rodovia a realização de obras para
conter barrancos? Se não é, como
afirmou nesta Folha o ministro dos
Transportes, então é de quem? O responsável pelas obras tinha ciência de
que ele era o responsável?
Também restam dúvidas sobre a
ação da mesma concessionária no
engarrafamento, próximo à cidade
de Resende (RJ), que deixou 9.000
veículos sem saída pelo menos por 13
horas, da madrugada de segunda-feira em diante. Colocar anúncios em
placares luminosos e informar motoristas sobre o bloqueio da pista seria
o máximo que os administradores
poderiam fazer? Não caberia ali uma
ação mais ostensiva, sugerindo a interrupção da viagem nas cidades
mais próximas ao bloqueio?
Tal como as poças deixadas pela
inundação, as explicações sobre o
que ocorreu na virada de ano chuvosa
no Sudeste ainda estão turvas.
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