São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

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ONDA DE EUFORIA

O risco-país e a cotação do dólar despencam, a Bolsa atinge valorização inédita, o otimismo toma conta dos investidores financeiros. Visto isoladamente, esse quadro poderia sugerir que os mercados estão aprovando o Brasil e a política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Observada, porém, a situação global, a conclusão é que o país, que vem pagando elevado preço para debelar a crise de confiança instaurada no início da nova administração, está sendo beneficiado por uma conjuntura externa marcada por alta liquidez, queda da aversão ao risco, baixas taxas de juros nas principais economias e sinais de retomada do crescimento dos EUA. Não se trata, portanto, de um fenômeno relacionado apenas ao Brasil. De um modo geral, as Bolsas internacionais sobem e os países emergentes são atingidos por ventos favoráveis.
As condições de financiamento do comércio exterior sofreram sensível melhoria em 2003, devendo assim permanecer nos próximos meses. Segundo levantamento do jornal "Valor Econômico", empresas brasileiras de grande porte que no início de 2003 pagavam Libor (a taxa interbancária de Londres) mais 2,5% ao ano por uma linha de seis meses, hoje pagam Libor mais 0,3% ou 0,4%.
É evidente que essa realidade deve ser aproveitada a favor do país, mas é preciso ter em mente que esses movimentos podem mudar rapidamente, como a história recente já demonstrou. A economia brasileira tem feito progressos importantes na área externa. É necessário no entanto avançar e ter em vista o longo prazo.
Considerando a baixa cotação do dólar, que não coloca em cena riscos inflacionários, a ocasião parece especialmente propícia para que o Banco Central tome iniciativas mais decididas tanto para recompor suas reservas em divisas internacionais como para promover novas reduções da taxa de juros.


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