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INCERTEZA EM ISRAEL
Ninguém sabe se Ariel Sharon
vai ou não sobreviver à grave
hemorragia cerebral que sofreu anteontem. Ainda que o pior desfecho
seja evitado, são pequenas as chances de que o premiê se recupere integralmente das prováveis seqüelas do
derrame. No plano político, portanto, os israelenses já debatem abertamente quais serão os cenários na ausência de Sharon.
A incapacitação de um premiê no
exercício do cargo sempre lança incertezas no horizonte. No caso israelense, porém, esse efeito é magnificado várias vezes porque o gabinete
estava demissionário e Sharon era o
favorito para vencer as eleições previstas para o dia 28 de março.
Mais do que isso, o premiê disputaria seu terceiro mandato liderando o
recém-criado Kadima ("adiante" em
hebraico), partido de centro com o
qual pretendia dar um novo rumo às
negociações de paz com os palestinos. Sharon não deixa um sucessor
inconteste à frente do Kadima.
Virtualmente tudo pode acontecer
agora. Embora a idéia de retirar-se da
maioria das áreas palestinas mesmo
sem um acordo de paz formal -o
desengajamento unilateral de que o
premiê falava- permaneça independentemente de líderes e dirigentes, praticamente toda a força do Kadima repousava na figura de Sharon.
Resta saber quem será o seu herdeiro e se essa substituição soará convincente aos olhos do eleitor israelense. Os nomes mais mencionados
são Ehud Olmert, premiê interino, e
Shimon Peres, o ex-dirigente trabalhista e Prêmio Nobel da Paz.
Em um cenário extremo, se os potenciais herdeiros do premiê se engalfinharem pelos despojos, é possível que o Kadima se anule antes mesmo de disputar o primeiro pleito. Legendas tradicionais, que pareciam
com os dias contados, como o Likud
(de direita, antiga agremiação de
Sharon) e, em menor grau, os trabalhistas (centro-esquerda), voltam a
ser atores importantes, em condições de competir pelo poder.
Seja qual for o caso, é certo que o
processo de paz na região, na melhor
das hipóteses, entra em compasso
de espera com a doença de Sharon e
a ausência de substituto natural.
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