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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Tempo político
"Não sou petista nem votei em Lula, mas penso que este seja o seu grande momento político e histórico. Lula deve aproveitar esse zênite de popularidade e de confiança -nacional e internacional- para, sem perda de tempo, enviar os projetos das novas legislações previdenciárias e tributárias. O seu maior obstáculo é a própria ala radical petista, com sua visão retrógrada, provinciana e ultrapassada. A oposição mais moderna e clarividente, formada pelo PSDB e pelo PFL, concorda com as mudanças. O tempo político é, por natureza, fugaz e ciclotímico, e o governo deve aproveitar essa circunstância. Os principais inimigos de Lula estão dentro de casa."
Luiz Edmundo C. Saraiva (Rio de Janeiro, RJ)


Trote
"Cabe a mim, como professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, prestar esclarecimentos sobre a suposta violência cometida contra os calouros de 2003 ("Alunos denunciam trote violento na USP", Cotidiano, pág. C4, 27/2). 1) Nestes 28 anos como professor da Universidade de São Paulo, tenho tido a satisfação e o privilégio de ministrar aulas de parasitologia veterinária básica aos jovens futuros veterinários, procurando sempre conscientizá-los dos problemas que a curto, médio e longo prazo deverão enfrentar. 2) Tenho encontrado sempre nesses jovens as maiores provas de interesse, de boa vontade e de capacidade para o estudo. 3) O contato mais próximo com os jovens alunos, prerrogativa do regime de tempo integral da USP, possibilita ao pesquisador uma permanente atualização de seu espírito, mantendo-o a par dos problemas e das aspirações das novas gerações. 4) Assim, conhecendo-os tão bem, admira-me muito tanta celeuma em torno de uma denúncia que se esconde atrás do anonimato e é, portanto, covarde. 5) A semana de recepção aos "bixos", evento tradicional no âmbito acadêmico da FMVZ, sempre pautou-se pelo respeito aos novos alunos, procurando, dessa forma, integrá-los ao seu novo meio. 6) Numa reunião de jovens, eventuais "excessos" podem ocorrer, mas jamais testemunhei entre os alunos da FMVZ nenhum constrangimento de ordem física ou moral aos calouros nem soube de nenhuma ocorrência desse tipo. 7) O aluno faltoso, se houver essa comprovação, deverá ser reeducado, mas jamais devem ser adotadas atitudes extremas como a expulsão, o que comprometeria irreparavelmente o seu futuro profissional."
Marcelo de Campos Pereira, Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (São Paulo, SP)


Democracia
"A primeira sensação ao ver o senhor Olavo de Carvalho escrevendo em "Tendências/Debates" foi de espanto. Essa Folha realmente é um jornal democrático. É claro que só fui ler o artigo quando percebi que a carta estava endereçada ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Naturalmente, Lula, para ele, é uma invocação de Satã. Mas o segundo sentimento foi de curiosidade: quem afinal gostaria de torturar o senhor Olavo de Carvalho? Com certeza há de ser um "comunista", ou melhor, um stalinista, que é mais ou menos do tempo mental em que vive esse cidadão. O terceiro momento foi de decepção. Julguei que ele fosse revelar quem seriam os guerrilheiros latino-americanos que estariam comprometidos com o presidente da República. Mas não. O grande "filósofo" apenas choraminga."
Ertha Di Felice (Brasília, DF)


Patrimônio privado
"A reportagem "Incra quer reaver terras na fronteira" (Brasil, pág. A4, 5/3) trata de mais um assalto da série que a União vem praticando contra o patrimônio privado nesses anos de FMI. No passado, foi o subsolo, que, em 1934, saiu do direito dos proprietários e foi para a União "de graça". Ontem foi a propriedade quilombola de Alcântara (MA), que foi tomada dos donos em desrespeito à Constituição. Agora são proprietários na faixa de 150 km da fronteira que perdem as suas terras para a União. Amanhã, pasme o Brasil, será a ilha de Santa Catarina, que está para ser tomada de seus habitantes (a menos que estes a comprem de volta de loteadores privados e nos termos da legislação "federal em vigor'). Depois será a água potável, que está cada vez mais parecida com o petróleo de Saddam. E assim vamos, sem que haja prejuízo dos impostos escorchantes e da humilhante condição de sermos uma máquina de pagar juros ao capital externo com suas "taxas de risco". Enquanto isso, lá no eixo do bem, Bush faz despesas de guerra e diminui impostos para o povo escolhido. Quem é que paga o pato?"
José Isaac Pilati (Florianópolis, SC)


Agradecida
"Foi com muita tristeza que recebi a notícia da morte da querida Celly Campello. Fui, sou e serei sempre sua fã agradecida. Agradecida por suas músicas ingênuas e doces, que povoaram meus sonhos de típica pré-adolescente dos anos 60. Agradecida por sua voz afinada e melodiosa, por sua simpatia e por sua meiguice, que me contagiaram e muito influenciaram o meu gosto por canto e por música. Agradecida por ouvi-la cantar que um "banho de lua" a deixaria "branca como a neve" e que conquistaria o "broto" usando "sapatinhos com laços cor-de-rosa". Quanta ternura! Agradecida pela recordação de tantos momentos deliciosos vividos por cinquentonas como eu: namorar de mãos dadas sob o olhar cúmplice da Lua -e o olhar não tão cúmplice do irmão mais velho- ou esperar que mamãe bronqueasse por ter visto um inocente "selinho" dado ao portão. Havia em tudo um gostinho especial, acentuado pela suavidade dos rocks-baladas de Celly."
Maria Heloísa da Silva Ramos (São Paulo, SP)


Guerra
"A guerra no Oriente Médio começou. O cenário está montado e as ações estão ocorrendo. Os efeitos são imprevisíveis. Decerto o mundo está mais dividido e os ânimos, mais acirrados. E não será um conflito bélico que trará segurança e estabilidade. Não são, porém, sinais de "ingenuidade pacifista", como disse Marco Aurélio Agarie ("Painel do Leitor", "Iraque", 4/3), as manifestações dos que são contra a guerra. Mostram, pelo contrário, o bom senso de quem pensa que essas ações são movidas por interesses externos -imperialistas- e internos -eleitorais. A ação unilateral não tem legitimidade."
Marcos Nicol Giusti (São Paulo, SP)


Seleção natural
"Os sindicatos têm prestado bons serviços aos brasileiros, porém não se justifica a cobrança compulsória de taxas. A base da democracia é a liberdade. Cabe aos sindicatos mostrar serviço para atrair seus associados. Num país como o Brasil, não há mais lugar para um sistema protecionista. Se não fosse assim, certamente só permaneceriam os bons sindicatos, pois nada é mais justo do que a seleção natural feita pelo próprio trabalhador."
Cláudio Fróes Peña (Porto Alegre, RS)


Previdência
"Em relação ao artigo "Previdência: a reforma que queremos" (Dinheiro, pág. B2, 5/3), do senhor Paulo Rabello de Castro, gostaria de dizer que esse recente barulho sobre a culpa dos servidores públicos na crise da Previdência me tem causado muita confusão. Analistas como o articulista esquecem-se de mencionar que os servidores públicos contribuem com 11% do total de seus salários, não sendo justificável, a não ser por um calote do governo, aposentá-los com o teto de R$ 1.561."
Carlos Brisola Marcondes (Florianópolis, SC)


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