São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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FERNANDO GABEIRA

Aeroportos e maestros

RIO DE JANEIRO - O Santos Dumont é um aeroporto esteticamente privilegiado. A decisão de abri-lo para outros voos, além da ponte aérea, dá uma mexida importante no país. Sérgio Cabral é contra. Assim como Aécio Neves é contra a abertura da Pampulha. Ambos temem, com razão, o esvaziamento do Tom Jobim e de Confins.
O problema é que a decisão é perfeitamente legal. A lei permite que o aeroporto funcione de acordo com suas capacidades operacionais. No Santos Dumont, em bom tempo, isso significa uns 16 voos por hora.
Mas a simples execução da lei, às vezes, não significa o caminho mais adequado. Em primeiro lugar, uma série de aeroportos pequenos, legalmente, pode ser ativada. O primeiro é Pampulha, mas há possibilidades na região de Curitiba, em Maricá, no Rio. Enfim, a batalha legal pelo aproveitamento de pequenos aeroportos vai se intensificar.
Num contexto de esvaziamento do Tom Jobim e de Confins, somente Guarulhos deverá ser beneficiado. Mas essa não é a questão no momento.
A Azul argumenta que a aplicação da lei vai favorecer a Embraer, num momento em que Lula está preocupado com demissões. Mas o próprio BNDES estuda um modelo de concessão à iniciativa privada, visando uma saída para o Tom Jobim.
Antes mesmo de o estudo ser concluído, das possibilidades da concessão serem examinadas, o Tom Jobim recebe um golpe doloroso para uma cidade que quer sediar a Copa e a Olimpíada.
Poderia ser que, no final de tudo, o governo optasse pela abertura do Santos Dumont. Mas, se o fizesse depois de concluído o estudo da concessão, daria uma ideia de orquestra regida por um maestro.
No Carnaval, Cabral levou Lula ao Santos Dumont e cantaram, às sete da manhã: "minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro".
Um pequeno erro de aeroporto.


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