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FERNANDO GABEIRA
Aeroportos e maestros
RIO DE JANEIRO - O Santos Dumont é um aeroporto esteticamente privilegiado. A decisão de abri-lo
para outros voos, além da ponte aérea, dá uma mexida importante no
país. Sérgio Cabral é contra. Assim
como Aécio Neves é contra a abertura da Pampulha. Ambos temem,
com razão, o esvaziamento do Tom
Jobim e de Confins.
O problema é que a decisão é perfeitamente legal. A lei permite que o
aeroporto funcione de acordo com
suas capacidades operacionais. No
Santos Dumont, em bom tempo, isso significa uns 16 voos por hora.
Mas a simples execução da lei, às
vezes, não significa o caminho mais
adequado. Em primeiro lugar, uma
série de aeroportos pequenos, legalmente, pode ser ativada. O primeiro é Pampulha, mas há possibilidades na região de Curitiba, em
Maricá, no Rio. Enfim, a batalha legal pelo aproveitamento de pequenos aeroportos vai se intensificar.
Num contexto de esvaziamento
do Tom Jobim e de Confins, somente Guarulhos deverá ser beneficiado. Mas essa não é a questão no
momento.
A Azul argumenta que a aplicação
da lei vai favorecer a Embraer, num
momento em que Lula está preocupado com demissões. Mas o próprio
BNDES estuda um modelo de concessão à iniciativa privada, visando
uma saída para o Tom Jobim.
Antes mesmo de o estudo ser
concluído, das possibilidades da
concessão serem examinadas, o
Tom Jobim recebe um golpe doloroso para uma cidade que quer sediar a Copa e a Olimpíada.
Poderia ser que, no final de tudo,
o governo optasse pela abertura do
Santos Dumont. Mas, se o fizesse
depois de concluído o estudo da
concessão, daria uma ideia de orquestra regida por um maestro.
No Carnaval, Cabral levou Lula
ao Santos Dumont e cantaram, às
sete da manhã: "minha alma canta,
vejo o Rio de Janeiro".
Um pequeno erro de aeroporto.
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