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ELIANE CANTANHÊDE
Alianças espúrias
BRASÍLIA - O petista Tião Viana
levou uma rasteira e perdeu a presidência do Senado para o peemedebista José Sarney, e a petista Ideli
Salvatti agora leva outra e perde a
presidência da Comissão de Infraestrutura para o petebista Fernando Collor. Sim, esse mesmo.
Tião e Ideli, bem-vindos ao clube
dos petistas que "caíram", uns mais,
outros menos, por motivos variados: Dirceu, Palocci, Genoino, Mercadante, Jorge Viana, Marina Silva,
Marta, João Paulo Cunha, além de
operadores como Delúbio Soares.
A diferença é que Tião e Ideli foram detonados pela "base aliada",
hoje sinônimo de Sarney-Renan no
Senado e de "grupo dos 8" na Câmara: Temer, Geddel (emprestado a
um ministério), Jader Barbalho,
Henrique Eduardo Alves, Fernando Diniz, Eliseu Padilha, Eunício
Oliveira e Eduardo Cunha, a estrela
em ascensão.
A verdade, nua e crua, é que o PT
não manda mais nada, e o PMDB
manda cada vez mais. E essa gangorra coincide com os interesses e
expectativas de Lula. Para o presidente, que terá o apoio do PT, chova
ou faça sol, apresente Dilma, José
ou João para 2010, um petista magoado ou humilhado a mais ou a
menos não faz diferença. Mas qualquer peemedebista descontente ou
desatendido faz muita diferença.
E começa a contaminação em outros aliados, como ficou evidente na
reestreia de Ciro Gomes na cena
nacional. Ele marretar o ex-correligionário José Serra não é nenhuma
novidade. Mas, quando marreta o
governo e o apoio a Dilma, aí, sim,
há uma novidade. Ciro fala por boa
parte do PSB e repete o discurso e o
rumo do PC do B e do PDT.
Todos somados, ainda não são
tão abrasivos quanto um só Aécio
para a candidatura Serra, mas mostram que a guerra de 2010 será sangrenta e pulverizada dos dois lados.
Quando Mercadante chia da
"aliança espúria" entre Renan e
Collor, comete um grave erro.
Esquece que o PT é tão parte quanto vítima dela. Como, aliás, é ele
próprio.
elianec@uol.com.br
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