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DELINQUENTES POLICIAIS
Está solucionado o mistério do desaparecimento, na Quarta-Feira de
Cinzas, de três jovens em São Vicente, no litoral paulista. Seus corpos foram encontrados anteontem. Segundo todos os indícios, eles foram assassinados a sangue-frio por um grupo de policiais militares.
A PM mobilizou 400 policiais para a
localização das vítimas e, antes que
isso ocorresse, já havia prendido sete
suspeitos de terem participado da
bárbara execução.
Com todos os índices de criminalidade em alta -o que se explica em
parte pela miséria e pelo desemprego, agravados agora pela crise-, a
população se vê novamente desprotegida e, mais grave, ameaçada por
membros de instituição que deveria
zelar por sua segurança.
Não há mais como tolerar que episódios atrozes como esse continuem
marcando a atuação da polícia. Ao
que tudo indica, a grande repercussão do caso da favela Naval, em Diadema, não foi suficiente para reorientar a conduta de certos maus elementos que jogam por terra a tentativa do atual governo de enquadrar a
polícia em padrões civilizados.
Registre-se que, apesar dos esforços do governo, no ano passado a PM
matou, em circunstâncias diversas,
466 pessoas, mais que as 405 no ano
anterior e que as 368 em 1996. São
dados da Ouvidoria da Polícia. Em
outro levantamento, ela constata que
boa parte dos policiais envolvidos em
mortes eram objeto de boa avaliação
por parte de seus superiores.
Aparentemente, os policiais são
avaliados com maior ênfase pelo
comportamento nos quartéis e bem
menos pelo desempenho nas ruas.
Não seria a única distorção estrutural
da PM. Outro dado estranho dá conta
de que nos últimos oito anos o número de suicídios (186) foi mais elevado que o número de mortos (102)
em confronto com bandidos.
É portanto urgente que se procure
apurar os motivos que levam a tantos
desajustes.
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