São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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O PREÇO DO BUG

O bug do milênio era visto, até agora, como um possível desastre técnico que se abateria sobre computadores e equipamentos que utilizam microprocessadores eletrônicos. Sabe-se agora que poderá ser, talvez, uma calamidade econômica.
Relatório do Senado norte-americano afirma que o Brasil deveria gastar US$ 35,8 bilhões -praticamente o volume das atuais reservas cambiais- para contornar o colapso que se produzirá, sobretudo, entre a noite de 31 de dezembro de 1999 e a madrugada de 1º de janeiro de 2000.
O bug tem por origem a existência de programas de computação criados nos anos 60 e 70, quando o preço das memórias das máquinas era até mil vezes maior que o de hoje, e os programadores tudo faziam para economizar espaço dentro delas.
Assim, em lugar de grafar o ano de 1975 com quatro dígitos, gravava-se apenas com dois: 75.
Por esse processo, o ano 2000 equivaleria a 00. O que o computador poderá interpretar como um erro ou, então, como 1900. Os efeitos dessa pane se manifestariam no gerenciamento de estoques e pessoal, controle da navegação aérea, cheques e cartões de crédito, sistema de purificação de água e até em elevadores e sistemas de ar-condicionado.
O documento do Senado dos EUA ressalva que é grosseira sua estimativa de custos relativos ao Brasil.
A União, por meio da Secretaria de Administração, afirma que 80% do parque informático oficial já recenseado está protegido contra o bug. Não se sabe, no entanto, a parcela que aguarda recenseamento. Mas já estariam integralmente adaptados às exigências os bancos oficiais, os sistemas de execução orçamentária, os de arrecadação de tributos e os de pagamento a servidores.
Em termos nacionais o problema é o dos custos. As empresas estão com seus caixas debilitados pela recessão. Estados e municípios, financeiramente afetados, talvez não tenham fôlego para enfrentar o problema.
Assim, ao que parece, o bug do milênio estará pegando o Brasil num péssimo momento.


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