|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O PREÇO DO BUG
O bug do milênio era visto, até agora, como um possível desastre técnico que se abateria sobre computadores e equipamentos que utilizam microprocessadores eletrônicos. Sabe-se agora que poderá ser, talvez,
uma calamidade econômica.
Relatório do Senado norte-americano afirma que o Brasil deveria gastar
US$ 35,8 bilhões -praticamente o
volume das atuais reservas cambiais- para contornar o colapso que
se produzirá, sobretudo, entre a noite de 31 de dezembro de 1999 e a madrugada de 1º de janeiro de 2000.
O bug tem por origem a existência
de programas de computação criados nos anos 60 e 70, quando o preço
das memórias das máquinas era até
mil vezes maior que o de hoje, e os
programadores tudo faziam para
economizar espaço dentro delas.
Assim, em lugar de grafar o ano de
1975 com quatro dígitos, gravava-se
apenas com dois: 75.
Por esse processo, o ano 2000 equivaleria a 00. O que o computador poderá interpretar como um erro ou,
então, como 1900. Os efeitos dessa
pane se manifestariam no gerenciamento de estoques e pessoal, controle da navegação aérea, cheques e cartões de crédito, sistema de purificação de água e até em elevadores e sistemas de ar-condicionado.
O documento do Senado dos EUA
ressalva que é grosseira sua estimativa de custos relativos ao Brasil.
A União, por meio da Secretaria de
Administração, afirma que 80% do
parque informático oficial já recenseado está protegido contra o bug.
Não se sabe, no entanto, a parcela
que aguarda recenseamento. Mas já
estariam integralmente adaptados às
exigências os bancos oficiais, os sistemas de execução orçamentária, os
de arrecadação de tributos e os de pagamento a servidores.
Em termos nacionais o problema é
o dos custos. As empresas estão com
seus caixas debilitados pela recessão. Estados e municípios, financeiramente afetados, talvez não tenham
fôlego para enfrentar o problema.
Assim, ao que parece, o bug do milênio estará pegando o Brasil num
péssimo momento.
Texto Anterior: Editorial: DELINQUENTES POLICIAIS Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: É cedo para beatificar Fraga Índice
|