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Enfrentar o desemprego
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A Campanha da Fraternidade sobre o
desemprego marca uma urgência para
o país e vem suscitando crescente interesse nas comunidades em busca de
soluções viáveis. Entre os muitos resultados desses grupos de reflexão, gostaria de chamar a atenção para o consenso sobre duas conclusões.
A primeira refere-se à necessidade de
melhor qualificação profissional.
A moeda estável trouxe, sem dúvida,
inúmeras vantagens e já tínhamos nos
habituado com a força do real. A perda
de seu valor para o dólar abre, no entanto, perspectivas para a exportação
e, por outro lado, pode beneficiar os
produtos nacionais, no mercado interno, uma vez que o preço mais alto dos
produtos importados não os torna
competitivos. Mas tanto a expectativa
de exportação como a boa comercialização dos produtos nacionais requerem a melhoria de qualidade do que
fabricamos.
O Brasil já vem alcançando em algumas áreas níveis elevados de qualidade.
Considere-se, por exemplo, que os
aviões da Embraer e setores da informática são apreciados no mundo inteiro. O urgente agora é assegurar a obtenção de qualidade nos outros setores
a fim de atender bem o povo e conseguir boas condições de exportação. Essa meta inclui dois benefícios: a criação
imediata de novos empregos na área
educativa, proporcionando como investimento social cursos para o aprimoramento técnico de milhões de trabalhadores e, como é óbvio, a expectativa da entrada deles no mercado de
trabalho. Cabe à comunidade auxiliar
sobretudo os jovens para que recebam
o preparo profissional adequado.
A segunda conclusão que vai sendo
aceita nas comunidades é a conveniência de incentivar a cooperativa de trabalho, superando o esquema de dependência entre patrão e operários pela relação de parceria entre os que se associam para empreender juntos os projetos de atividades. Essas experiências
têm se multiplicado na área urbana e
rural e poderão, a curto prazo, garantir
condições dignas de emprego a uma
parte notável da população.
O incentivo à qualificação profissional e o desenvolvimento dos mais variados tipos de cooperativas e formas
associativas colocam em evidência, entre outros, o benefício das "Escolas-Família-Agrícola", EFA, que oferecem a capacitação de jovens no campo, auxiliando-os a conhecer novas
tecnologias. A EFA tem ainda o mérito
de evitar o êxodo rural e de orientar os
formandos para assumir trabalhos em
comum, animando-os à criação de futuras cooperativas.
Nos dois últimos dias, estive em Riacho de Santana (BA), a convite das
"Escolas-Família-Agrícola", acompanhando Ernesto Olivero, apóstolo dos
jovens em Turim, que tem cooperado
em centenas de projetos em nosso país
e promotor da campanha pela paz
mundial. A chuva caindo no sertão
desperta neste ano a esperança de boas
colheitas.
O importante, no entanto, era a homenagem ao padre Aldo Luchetta, falecido, há um ano, em acidente de carro, missionário italiano durante 32
anos no Espírito Santo e na Bahia, pároco e fundador de 15 escolas e centenas de comunidades nas cidades vizinhas. Sua memória está muito presente
no coração do povo do sertão, agradecido pela pregação do Evangelho e pela
incansável dedicação em promover,
pela educação e trabalho qualificado,
condições dignas de vida para todos.
Seu exemplo nos ajuda a confiar em
Deus, sem medo das dificuldades, e a
enfrentar o desafio do desemprego.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados
nesta coluna.
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