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SEM SAÍDA
Pesquisa realizada pela fundação Fórum Permanente Universidade-Empresa, a pedido da Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, dá mais concretude às avaliações sobre a influência da
realidade socioeconômica sobre os
índices de criminalidade. O estudo,
focado na região metropolitana de
São Paulo, estabelece um evidente
paralelismo entre o aumento do desemprego e a maior incidência de
roubos contra pessoas em automóveis e ônibus e assaltos a pedestres.
Dos grandes centros brasileiros,
São Paulo é o que mais impactos sofreu com as mudanças econômicas
ocorridas nas últimas décadas. A
passagem do antigo modelo industrial para uma economia menos intensiva no uso de mão-de-obra, num
cenário de crise prolongada, provocou forte aceleração do desemprego
na região metropolitana.
Observando-se os índices da Seade
(Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), verifica-se que, encerrada a década de 1980, não mais se
apuram taxas de desemprego abaixo
dos 10% na Grande São Paulo. Elas
vão se elevando na década de 90 até
atingir patamares em torno de 20%
na virada do século. Estima-se em
cerca de 2 milhões o número de desempregados na região metropolitana da capital.
Não é, porém, apenas a ausência
de ocupação que repercute nos índices da segurança pública. O desemprego inscreve-se num contexto de
graves assimetrias na distribuição de
renda e de precariedade dos mecanismos de proteção social, para não
mencionar o processo de decadência
ética e moral que vai minando a sociedade brasileira, muitas vezes alimentado justamente por aqueles que
deveriam cuidar de contê-lo.
As palavras do secretário da Segurança do Estado, Saulo de Castro, a
respeito da pesquisa são desalentadoras. O estudo permite ao responsável pela Segurança considerar simplesmente "impossível", nas atuais
condições, reduzir os índices de crimes contra o patrimônio.
Como o crescimento econômico
permanece medíocre e a descoordenação entre os diversos níveis de governo é um fato, depreende-se das
declarações do secretário que os paulistanos estão condenados a conviver
não se sabe até quando com essa dramática realidade.
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