São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O candidato dos empresários
ODED GRAJEW
Certamente este cidadão apoiaria e votaria no candidato que, a seu ver, estaria mais comprometido com a distribuição de renda, a reforma agrária, as questões sociais, a defesa dos direitos humanos e o combate à corrupção. Vamos supor, agora, que o empreendedor coloque em primeiro lugar sua atividade empresarial, subordinando seus outros papéis a esta atividade (aliás, essa é uma situação frequente, que coloca em risco a vida familiar, social, cultural e comunitária do empresário). Nessa situação, o empresário apoiaria o candidato que mais beneficiasse seu negócio. Excluindo o caso das relações mais promíscuas de favorecimentos pessoais, o empresário sabe da importância do desenvolvimento econômico e do crescimento da renda das pessoas para seu negócio. Este empresário sabe que a violência, a mão-de-obra desqualificada, os serviços públicos de baixa qualidade, os juros altos, a carga tributária que onera a produção e a corrupção são custos enormes que prejudicam a sua atividade. Certamente ele dará apoio ao candidato mais comprometido com o crescimento econômico, com a geração de empregos e a distribuição de renda, que colocam mais consumidores, e com renda maior, no mercado. Isso sem falar dos empresários ou das empresárias preocupados com a segurança e a qualidade de vida de suas famílias e com o futuro de seus filhos. Eles sabem que a violência é fruto da fratura social, da corrupção e dos serviços públicos deteriorados. Gostariam que seus filhos continuassem no Brasil e vivessem num país próspero, ético e justo. Sentem na própria pele a angústia crescente de sua família e com certeza apoiariam um candidato que representasse uma nova esperança para o Brasil. Muitos empresários se declaram apolíticos (como se isso fosse possível, pois o ser humano é essencialmente político) e apartidários). A consolidação da democracia, essencial para a construção de uma sociedade próspera, socialmente justa e ambientalmente sustentável, depende do fortalecimento dos partidos políticos e da participação política de todos os cidadãos. Os empresários deveriam colocar seu talento, seus conhecimentos e espírito empreendedor a serviço da democracia, participando da vida política e contribuindo com o partido político de sua preferência. O empresário que privilegia sua condição de cidadão ou o cidadão que privilegia sua condição de empresário deveriam fazer uma profunda reflexão e apoiar aquele que melhor pudesse atender os interesses do país e de sua empresa, de sua empresa e do país, na ordem que acharem correta. Boa escolha! Oded Grajew, 57, diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, é presidente do Conselho de Administração da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente e membro do Conselho Deliberativo da Transparência Brasil. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Jorge Boaventura: Nacionalismo e sucessão Índice |
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