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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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NA FRONTEIRA

Por mais apelo que possa ter a idéia de uma cidade como o Rio de Janeiro sendo patrulhada pelas Forças Armadas, a contribuição decisiva dos militares para o combate ao narcotráfico será o rígido controle das fronteiras. Nesse sentido, é boa a notícia de que Exército, Marinha e Aeronáutica darão sequência à prática de operações coordenadas na Amazônia, por onde passa boa parte da droga que entra no Brasil.
Batizada de Timbó, o conjunto de manobras seguirá os moldes da Operação Tapuru, de maio de 2002, que reuniu mais de 4.000 homens, 22 aviões e cinco navios. A Timbó, à diferença da Tapuru, que cobriu apenas a fronteira com a Colômbia, vai ocupar-se também da divisa com o Peru, abrangendo o Estado do Acre. Ademais, será a primeira vez em que uma operação militar desse porte na região poderá contar com a tecnologia do Sistema de Proteção da Amazônia, derivado do Sivam.
Mas seria prematuro afirmar que o Brasil, dispondo de ferramentas poderosas como os radares do Sivam e da disposição dos militares de realizar periodicamente operações maciças na Amazônia, tenha encaminhado uma solução para controlar essa fronteira.
Há pendências legais, administrativas e político-orçamentárias que precisam ser enfrentadas. O país ainda não regulamentou a chamada Lei do Abate de aeronaves. Tampouco conseguiu resolver a questão do sucateamento de seus aviões de caça nem muito menos a de implementar a reforma das Forças Armadas rumo a uma corporação de perfil mais moderno, composta de tropas bem equipadas, com rápida capacidade de mobilização e movimentação. De resto, grandes operações como a Timbó e a Tapuru têm a sua importância a título de treinamento, mas não substituem a necessidade da presença ostensiva de caráter permanente na Amazônia.
Numa das primeiras ações de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu a licitação para a compra de novos caças para a FAB. Na ocasião, ficou devendo um projeto que desse um horizonte às Forças Armadas. A dívida permanece.


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