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NA FRONTEIRA
Por mais apelo que possa ter a
idéia de uma cidade como o Rio
de Janeiro sendo patrulhada pelas
Forças Armadas, a contribuição decisiva dos militares para o combate
ao narcotráfico será o rígido controle
das fronteiras. Nesse sentido, é boa a
notícia de que Exército, Marinha e
Aeronáutica darão sequência à prática de operações coordenadas na
Amazônia, por onde passa boa parte
da droga que entra no Brasil.
Batizada de Timbó, o conjunto de
manobras seguirá os moldes da
Operação Tapuru, de maio de 2002,
que reuniu mais de 4.000 homens, 22
aviões e cinco navios. A Timbó, à diferença da Tapuru, que cobriu apenas a fronteira com a Colômbia, vai
ocupar-se também da divisa com o
Peru, abrangendo o Estado do Acre.
Ademais, será a primeira vez em que
uma operação militar desse porte na
região poderá contar com a tecnologia do Sistema de Proteção da Amazônia, derivado do Sivam.
Mas seria prematuro afirmar que o
Brasil, dispondo de ferramentas poderosas como os radares do Sivam e
da disposição dos militares de realizar periodicamente operações maciças na Amazônia, tenha encaminhado uma solução para controlar essa
fronteira.
Há pendências legais, administrativas e político-orçamentárias que
precisam ser enfrentadas. O país ainda não regulamentou a chamada Lei
do Abate de aeronaves. Tampouco
conseguiu resolver a questão do sucateamento de seus aviões de caça
nem muito menos a de implementar
a reforma das Forças Armadas rumo
a uma corporação de perfil mais moderno, composta de tropas bem
equipadas, com rápida capacidade
de mobilização e movimentação. De
resto, grandes operações como a
Timbó e a Tapuru têm a sua importância a título de treinamento, mas
não substituem a necessidade da
presença ostensiva de caráter permanente na Amazônia.
Numa das primeiras ações de seu
governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu a licitação para
a compra de novos caças para a FAB.
Na ocasião, ficou devendo um projeto que desse um horizonte às Forças
Armadas. A dívida permanece.
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