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AÇÕES DE ESTADO
Merece atenção o projeto Fica
Vivo, implantado numa favela
de Belo Horizonte, que, reunindo repressão, mobilização social e algumas ações típicas do Estado, está associado a uma sensível redução na
taxa de homicídios.
Os dados ainda são preliminares, e
a base, por ser pequena, não recomenda extrapolações. Ainda assim,
é animadora a diminuição em 50%
no número de assassinatos após os
cinco primeiros meses de funcionamento do programa, em comparação com os cinco meses anteriores.
O projeto é uma iniciativa do Centro de Estudos de Criminalidade e
Segurança Pública, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais, e
conta com a colaboração do governo
mineiro, da Prefeitura de Belo Horizonte, do Sebrae, de uma associação
de lojistas e de ONGs.
Não há nada de revolucionário no
projeto. A principal "medida" foi
uma ação coordenada para prender,
denunciar e julgar três dos principais
criminosos que atuavam na favela.
Outros nove bandidos fugiram ou
passaram a viver incógnitos. O envolvimento da comunidade foi reforçado por ações de melhoria na infra-estrutura, ampliação dos trabalhos
de assistência social e de atividades
de lazer. Levaram-se ao morro
-embora timidamente- as funções exercidas por qualquer Estado
digno do nome.
É um truísmo dizê-lo, mas, quando o poder público investiga crimes,
encarcera bandidos e oferece perspectivas para a população local, a criminalidade tende a reduzir-se.
O Fica Vivo é um projeto-piloto.
Um de seus efeitos colaterais pode
ter sido a elevação da criminalidade
em regiões vizinhas à favela. A generalização de iniciativas como essa é
tarefa mais complexa. Mas não pairam dúvidas de que o controle da violência tem como pré-requisito um
Estado que seja capaz de desempenhar duas funções básicas: garantir
punição aos delinquentes e promover o bem-estar social.
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