São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Superávit
"Ao ler o texto "Superávit fiscal elevará salário argentino" (Dinheiro, 5/5), ocorreu-me que o presidente Lula poderia acordar invocado e, em vez de ligar para Bush, imitar o presidente Kirchner e resgatar ao menos uma parcela de suas propostas sociais, reajustando os baixos salários do serviço público e as aposentadorias. Seguramente, o superávit primário faria melhor ao Brasil se fosse aplicado em programas sociais em lugar de engordar as burras dos já empanturrados banqueiros."
Décio Luiz Gazzoni (Londrina, PR)

Mortes no trânsito
"O bom posicionamento de São Paulo em relação às cidades que têm graves problemas de mortalidade por acidentes viários ("Região Norte lidera mortes no trânsito", Cotidiano, pág. C1, 5/5) é produto do processo de municipalização do trânsito, iniciado há 30 anos e que modelou o que dispõe o atual Código de Trânsito Brasileiro. Minha esperança é que o tema integre os programas dos partidos e dos candidatos nas próximas eleições, que eles tenham propostas concretas diante das obrigações legais dos municípios na gestão do uso de suas vias públicas com as ferramentas da educação, do esforço legal e da engenharia. Essas ferramentas, se adequadamente entendidas e empregadas, permitirão a efetiva priorização ao transporte coletivo."
Jaques Rechter (São Paulo, SP)

Valores e mudanças
"Participei recentemente de um retiro franciscano em Agudos (SP). Os jovens seminaristas e os frades que lá se encontravam, assim como os ensinamentos ali ministrados, são prova comovente de que nem tudo está perdido neste mundo perturbado em que vivemos. Os políticos e empresários que tiveram há algumas semanas um encontro milionário de lazer na Bahia melhor fariam se participassem de um evento dessa natureza, onde aprenderiam valores que poderiam mudar suas próprias vidas e, conseqüentemente, a do nosso povo."
João Joel Lira (São Paulo, SP)

Cotas
"É elogiável a posição do senhor Timothy Martin Mulholland, vice-reitor da Universidade de Brasília, quando explica as razões da adoção de ações afirmativas naquela universidade ("Ações afirmativas: as razões da UnB", "Tendências/Debates", 5/5). Contrariamente àquilo que se tenta imputar contra a adoção de ações afirmativas, o referido artigo coloca as motivações e os compromissos assumidos pelo Brasil na Reunião Mundial contra o Racismo, Discriminação e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul, em 2001. É uma iniciativa que tem o mérito de motivar outros a manifestarem-se contra a falácia da "democracia racial" e contra a argumentação de que a discriminação ocorre unicamente por aspectos econômicos."
Ronaldo de Almeida Lima (São Paulo, SP)

Antropologia
"Lamentáveis as colunas de José Serra de 26/4 e 3/5 sobre as impressões a respeito do Brasil de seu amigo "antropólogo e professor islandês EK". Elas revelam profunda ignorância em relação à disciplina antropológica. Deixam a impressão de que esta se resume a cínico e ressentido exercício de constatações de suposta irracionalidade e estupidez alheia. A atitude de um bom antropólogo em visita ao Brasil seria a de indagar a razão por trás das práticas (mal descritas por Serra) antes de qualificá-las como absurdas. Por exemplo: por que temos na mesma edição da Folha a notícia de um índio acusando um governador (por acaso, do PSDB) de incentivar e até de investir na atividade ilegal de garimpo de diamantes em terras indígenas. Ou ainda: por que tão pouco se fez nos últimos anos para corrigir nossa estrutura tributária? Na mesma edição da Folha, o economista Marcos Cintra só tomou aspectos contraditórios dessa estrutura como "engodos hilariantes" após análises e descrições que, ao contrário das de Serra, a antropologia qualificaria como boa etnografia. A atitude francamente antiantropológica de José Serra ("eu sei, vocês não') certamente custou-lhe alguns milhões de votos e revela que o PT não tem o monopólio de um discurso político eivado de uma muito suposta superioridade moral."
Marcos Lanna, professor do programa de pós-graduação em antropologia social da Universidade Federal do Paraná (Curitiba, PR)

Utopia
"O nosso presidente entrará para a história como a pessoa que conseguiu, dentro de um partido socialista, com aliados comunistas e plataforma de governo capitalista, criar o exemplo mais próximo a que a civilização chegou da utópica anarquia."
Ricardo Salem Ribeiro (São Paulo, SP)

Turismo
"A propósito da coluna "Mui pronto, mui pronto", do jornalista Fernando Rodrigues (Opinião, 1º/5), é importante esclarecer o seguinte: 1) O mapa do turismo brasileiro foi feito por meio de oficinas estaduais, com a presença dos setores público e privado e das comunidades. O governo federal ofereceu a metodologia para identificar as localidades, mas a escolha foi dos Estados. Caberá a esses parceiros definir as regiões prioritárias para a ação pública. A meta do ministério é ter, até 2007, três produtos turísticos de categoria internacional por Estado; 2) O diagnóstico teve um orçamento de R$ 2,5 milhões -em parceria com a CNC. O orçamento para infra-estrutura turística, qualificação profissional e promoção está em outros programas e é de aproximadamente R$ 90 milhões; 3) O mapa turístico estará até o final desta semana no site do ministério. As versões em inglês e espanhol estarão prontas até o final do mês; 4) O ministério contratou uma agência para rastrear as referências feitas ao Brasil no exterior e corrigir informações como as publicadas pela revista americana citada; 5) O volume de dólares gastos pelos turistas estrangeiros bateu recorde no mês de março: US$ 308 milhões. Comparado com 2003, o aumento foi de 64% no trimestre."
Vânia Oliveira, coordenadora de Comunicação Social do Ministério do Turismo (Brasília, DF)

Justiça
"Oportuno o artigo de Marcos Augusto Gonçalves sobre agressão de Maria Clara contra a diabólica Laura em cena exibida na novela "Celebridade" ("Maria Clara cinta-larga faz justiça com as próprias mãos", Ilustrada, 2/5). Mas o jornalista, buscando objetividade e isenção, deixou de ressaltar a conseqüência decisiva da violência protagonizada pela mocinha da novela. De um ponto de vista democrático e do Estado de Direito, é uma aberração e um insulto a mensagem -legitimada pela poderosa TV- de que a justiça possa ser feita pelas próprias mãos."
Rosa Lúcia Alcântara (São Paulo, SP)

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