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GUERRA SEM FIM
Ao contrário de boa parte
dos conflitos, em que a passagem do tempo tem um efeito moderador, como se fosse capaz de cicatrizar as feridas, no caso do Oriente
Médio, a cada dia que passa, a situação torna-se mais exasperante. A falta de perspectivas de uma solução
negociada passa ela mesma a servir
de combustível para a guerra.
O ataque suicida de ontem, que
deixou ao menos 16 israelenses mortos e 40 feridos (dez deles com gravidade), em Megiddo, é mais uma prova de que as operações militares de
Israel nos territórios palestinos têm
um alcance muito limitado sobre a
capacidade dos grupos radicais palestinos de lançar novos atentados.
Não obstante, cada novo ataque leva
o Exército de Israel a realizar novas
incursões que, por sua vez, produzirão mais vítimas do lado palestino,
as quais servirão de pretexto para
mais represálias.
É uma situação que, infelizmente,
pode prolongar-se indefinidamente.
O conflito israelo-palestino, que há
menos de dois anos esteve muito
perto ser solucionado na mesa de negociações de Camp David, tende
agora a tornar-se uma interminável e
destrutiva guerra de atrito.
Um homem-bomba palestino,
quando ataca um ônibus ou uma discoteca repletos de civis, produz mais
do que cadáveres. Ele abala também
os fragilíssimos alicerces sobre os
quais a diplomacia internacional ainda tenta reconstruir um ambiente para o diálogo. Por sua vez, as retaliações israelenses, ao atingir indistintamente terroristas e civis, não contribuem para estabelecer o nível mínimo de entendimento que possibilitaria retomar as conversações de paz.
O trágico é que as populações israelense e palestina, que certamente
desejam a paz, tornam-se reféns de
grupos radicais.
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