São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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GUERRA SEM FIM

Ao contrário de boa parte dos conflitos, em que a passagem do tempo tem um efeito moderador, como se fosse capaz de cicatrizar as feridas, no caso do Oriente Médio, a cada dia que passa, a situação torna-se mais exasperante. A falta de perspectivas de uma solução negociada passa ela mesma a servir de combustível para a guerra.
O ataque suicida de ontem, que deixou ao menos 16 israelenses mortos e 40 feridos (dez deles com gravidade), em Megiddo, é mais uma prova de que as operações militares de Israel nos territórios palestinos têm um alcance muito limitado sobre a capacidade dos grupos radicais palestinos de lançar novos atentados. Não obstante, cada novo ataque leva o Exército de Israel a realizar novas incursões que, por sua vez, produzirão mais vítimas do lado palestino, as quais servirão de pretexto para mais represálias.
É uma situação que, infelizmente, pode prolongar-se indefinidamente. O conflito israelo-palestino, que há menos de dois anos esteve muito perto ser solucionado na mesa de negociações de Camp David, tende agora a tornar-se uma interminável e destrutiva guerra de atrito.
Um homem-bomba palestino, quando ataca um ônibus ou uma discoteca repletos de civis, produz mais do que cadáveres. Ele abala também os fragilíssimos alicerces sobre os quais a diplomacia internacional ainda tenta reconstruir um ambiente para o diálogo. Por sua vez, as retaliações israelenses, ao atingir indistintamente terroristas e civis, não contribuem para estabelecer o nível mínimo de entendimento que possibilitaria retomar as conversações de paz.
O trágico é que as populações israelense e palestina, que certamente desejam a paz, tornam-se reféns de grupos radicais.


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