São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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CAMPANHA NA RUA

Oficialmente , começa hoje a campanha de candidatos a prefeito e à vereança no pleito de outubro próximo. As lideranças partidárias nacionais atentam para o quadro político que emergirá dessas eleições, sobretudo, nas maiores e mais importantes cidades do país. Especialmente nas hostes governistas, que ainda não produziram um nome de força para a sucessão presidencial de 2002, acredita-se que as eleições municipais possam influenciar nessa intrincada decisão.
Mas esse é certamente o componente menor da rodada eleitoral que irá definir o poder local em mais de 5.000 municípios. Mesmo em cidades grandes, com um papel teoricamente maior no jogo político nacional, nota-se uma crise de representatividade, de definições de papéis e de credibilidade dos governantes locais. Nesse sentido, o caso mais dramático parece ser o da capital paulista.
A crise de governabilidade na cidade de São Paulo atingiu patamar talvez nunca imaginado pelo mais pessimista dos analistas políticos. A inépcia administrativa de prefeitos aliada a irresponsabilidade, incompetência e fisiologismo de uma certa vereança governista concorreram para enterrar qualquer vestígio de boa gestão pública na maior cidade do país. A sensação, alimentada por diversas investigações, condenações e prisões, de que a propina é moeda corrente de troca nas atividades da municipalidade de São Paulo também contribui para a degradação das instituições municipais.
Mas o que ocorre em São Paulo é apenas um sintoma acentuado, beirando o estado terminal, de alguns problemas de governo local que devem merecer destaque na pauta de campanha dos candidatos. Como inovar nas práticas de gestão municipal, as que dizem respeito direto à vida cotidiana do cidadão, aliando responsabilidade fiscal, lisura e transparência nas ações e atendimento eficaz das demandas, especialmente da população mais pobre?
Um dos maiores desafios da campanha que se inicia hoje é que ela possa servir para resgatar o próprio sentido do governo local, que seja capaz de produzir mensagens diferenciadas, que manifestem compromisso com uma ação também diferenciada. No fundo, trata-se de tentar romper a indiferença de boa parte do eleitorado que avalia todo político da mesma maneira: pessimamente.



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