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RECAÍDA ULTRA-LIBERAL
Talvez seja coincidência,
mas, em um momento em que
o governo FHC parece afinal disposto a dar alguns passos na direção de
políticas de crescimento, de reorganização da estrutura produtiva e de
incentivo ao desenvolvimento tecnológico, setores mais preocupados
com a sensibilidade de Wall Street
deram publicidade a um relatório
produzido por uma consultoria internacional, que esta Folha antecipou há dois meses, colocando os
bancos estatais federais na berlinda.
Talvez seja uma recaída ultra-liberal, uma espécie de etapa preliminar
à formação de um clima propício à
privatização dessas instituições. A
atitude foi recebida com ruído. Alguns políticos do PSDB, partido que
conseguiu articular uma reação à privatização de Furnas, vieram a público se manifestar contra a venda dos
megabancos federais, ao menos durante o segundo mandato de FHC.
Em tese, tudo não passaria de um
relatório com o objetivo de sugerir ao
governo as formas de adequar o sistema de bancos públicos federais a
uma situação de maior competição
de mercado.
Na prática, sabe-se que a adequação que mais interessa aos consultores internacionais é a privatização
pura e simples, quanto mais rápida
melhor e, se possível, sem restrição
aos capitais estrangeiros.
Seja qual for a opção do governo, o
mínimo que se pode esperar é transparência no debate da questão e uma
ampla mobilização de consultores e
interessados no próprio país.
Esse é o tipo do tema que exige um
debate amplo, e não manobras ou a
velha guerrilha de gabinetes, que, em
geral, terminam com decisões cujo
custo recai sobre o conjunto da sociedade brasileira.
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