São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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EXPANSÃO E INCERTEZAS

As vendas reais da indústria brasileira aumentaram 27,72% em junho em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria. No acumulado do semestre, a expansão atingiu 16,79%. O ritmo do crescimento industrial, comparável ao do início do Plano Real, já não se deve apenas ao êxito das exportações, mas também ao reaquecimento do mercado interno.
Confirmando a tendência de recuperação, a CNI apurou elevação de 2,83% do número de empregados do setor e de 8,91% dos salários. O levantamento também sancionou informações, anteriormente divulgadas pela Fundação Getúlio Vargas, sobre o aumento da utilização da capacidade produtiva -que chegou a 83,3%, o maior percentual da série histórica da CNI.
Diante desse quadro, é natural que o otimismo empresarial cresça. Segundo pesquisa da Fiesp, 82% dos empresários consultados em julho afirmaram estar confiantes na economia, em contraste com os 50% que diziam o mesmo em maio. Os indiferentes, que eram 21%, agora são 8%, enquanto os pessimistas caíram de 29% para 10%.
Essa mudança no ânimo do setor produtivo, após um alongado período de desalento e baixo dinamismo econômico, é auspiciosa, pois expectativas favoráveis tendem a estar associadas a decisões de investimento -algo fundamental para que a retomada da atividade industrial possa prosseguir numa trajetória duradoura e sustentável de expansão.
Embora autoridades governamentais, como o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, considerem que as inversões já anunciadas pela indústria serão capazes de evitar a formação de gargalos de produção, na realidade ainda há fortes incertezas quanto a isso. Para dissipá-las, será preciso criar condições mais favoráveis ao investimento produtivo, que ainda esbarra em situações altamente desestimulantes, como o confuso e oneroso sistema tributário e as difíceis condições internas de financiamento.


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