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PRODUZIR FRUTOS
Dando prosseguimento à sua
fértil produção metafórica, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em discurso realizado anteontem,
endereçou críticas ao documento
elaborado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, por
ele criado para assessorar o governo.
Tanto em relação à redução da taxa
de juros como à retomada do crescimento econômico, Lula mais uma
vez pediu paciência. Citando uma jabuticabeira existente no Palácio do
Alvorada, que não tem produzido a
fruta, disse que começou a regá-la,
esperando para breve uma colheita
farta: "Acho que daqui a alguns dias
vou encher vocês de jabuticaba".
A imagem vai no sentido de conter
as demandas por maior rapidez na
passagem da atual conjuntura de
aperto monetário para um quadro de
aquecimento da atividade produtiva
e de retomada do emprego.
Numa referência mais direta ao nível dos juros, o presidente rejeitou o
pedido do CDES para que se promova uma redução "drástica" das taxas.
Assegurou que a Selic continuará em
queda, mas fez questão de ressalvar
que "talvez ela não seja tão drástica
como alguns querem".
A reunião do Conselho de Política
Monetária (Copom) para definir a
nova taxa básica está prevista para os
dias 16 e 17. Embora o Banco Central
tenha surpreendido parte do mercado com uma redução de 2,5 pontos
percentuais no mês passado, os dados referentes ao desempenho da
economia no primeiro semestre, recentemente divulgados pelo IBGE,
deixaram claro que os efeitos da política restritiva foram mais graves do
que os esperados. A economia mostrou-se tecnicamente em recessão.
Com isso, previsões de crescimento
para 2003 caíram para 0,5%.
Diante de tal cenário, independentemente da correção das demais posições do documento do CDES, a demanda por reduções mais drásticas
na taxa de juros expressa os desejos
da economia real. Ao menos na área
econômica, já é mais do que hora de
começar a produzir frutos.
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