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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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PRODUZIR FRUTOS

Dando prosseguimento à sua fértil produção metafórica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso realizado anteontem, endereçou críticas ao documento elaborado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, por ele criado para assessorar o governo.
Tanto em relação à redução da taxa de juros como à retomada do crescimento econômico, Lula mais uma vez pediu paciência. Citando uma jabuticabeira existente no Palácio do Alvorada, que não tem produzido a fruta, disse que começou a regá-la, esperando para breve uma colheita farta: "Acho que daqui a alguns dias vou encher vocês de jabuticaba".
A imagem vai no sentido de conter as demandas por maior rapidez na passagem da atual conjuntura de aperto monetário para um quadro de aquecimento da atividade produtiva e de retomada do emprego.
Numa referência mais direta ao nível dos juros, o presidente rejeitou o pedido do CDES para que se promova uma redução "drástica" das taxas. Assegurou que a Selic continuará em queda, mas fez questão de ressalvar que "talvez ela não seja tão drástica como alguns querem".
A reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) para definir a nova taxa básica está prevista para os dias 16 e 17. Embora o Banco Central tenha surpreendido parte do mercado com uma redução de 2,5 pontos percentuais no mês passado, os dados referentes ao desempenho da economia no primeiro semestre, recentemente divulgados pelo IBGE, deixaram claro que os efeitos da política restritiva foram mais graves do que os esperados. A economia mostrou-se tecnicamente em recessão. Com isso, previsões de crescimento para 2003 caíram para 0,5%.
Diante de tal cenário, independentemente da correção das demais posições do documento do CDES, a demanda por reduções mais drásticas na taxa de juros expressa os desejos da economia real. Ao menos na área econômica, já é mais do que hora de começar a produzir frutos.


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