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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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EDUCAÇÃO ADULTA

Dados preliminares do Censo Escolar do Ministério da Educação mostram que a educação de jovens e adultos foi o nível de ensino que mais cresceu no país em 2003. De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC), responsável pelo censo, as matrículas de jovens e de adultos, isto é, de pessoas acima da chamada idade escolar (7 a 14 anos no ensino fundamental e 15 a 17 anos no médio), cresceram 12,2% neste ano em relação a 2002.
Existem várias hipóteses para explicar o fenômeno. A mais interessante delas sustenta que o aumento de matrículas é uma consequência da crescente demanda por escolarização. Tanto o mercado de trabalho como a sociedade estariam pressionando a população sem instrução formal a obter escolarização. Quadros de alto desemprego como o atual levariam pessoas a aperfeiçoar sua escolarização e, por conseguinte, sua "empregabilidade", para utilizar um termo que entrou em voga recentemente.
As chamadas "vítimas do fracasso escolar", isto é, alunos que repetiram várias vezes de ano, também representam uma categoria que estaria a engrossar as matrículas na rubrica jovens e adultos, já que ela permite a conclusão dos estudos em tempo mais curto do que o curso regular.
Existe também uma explicação de ordem técnica. De 1998 a 2001, para não perder verbas a que teriam direito na proporção de suas matrículas, Estados e municípios contabilizavam jovens e adultos como alunos regulares. A partir de 2001, mudanças nas regras de repasses corrigiram parcialmente essa situação e, em alguns Estados, os jovens e adultos voltam a ser computados separadamente dos alunos regulares. As estatísticas estariam agora se tornando paulatinamente mais realistas.
Aos poucos a sociedade brasileira vai percebendo a importância da educação formal, e mais e mais adultos procuram sanar suas deficiências de formação. Trata-se em princípio de uma boa notícia, mas que só reforça a importância de melhorar a qualidade do ensino público. Deixar de fazê-lo equivaleria a reduzir a demanda por mais ensino a um ritual burocrático vazio, o que seria um crime contra a educação.


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