São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Reforma demorada

O PROJETO de revitalização do bairro da Luz foi apresentado como a principal intervenção urbana da administração municipal e gerou expectativas elevadas. Mais de um ano depois de divulgado, o plano caminha a passos lentos, e a região continua em deterioração.
Descrita em reportagem desta Folha no domingo, a indiferença do policiamento diante dos grupos de traficantes e consumidores de crack ameaça uma das poucas conquistas provisórias na região, que foi alvo de uma blitz anticrime no ano passado.
O projeto envolve a desapropriação de uma área de 105 mil metros quadrados e a concessão de incentivos fiscais a empresas que se instalarem no local. Até o momento, porém, não há nenhuma empresa incluída na lei de benefício fiscal. O conselho que decidirá sobre as isenções foi nomeado há menos de um mês e ainda não se reuniu. Tampouco as desapropriações começaram.
O que atravanca o processo, afirma a prefeitura, é a falta de acordo com os proprietários dos imóveis. Enquanto a Justiça não arbitrar sobre o valor a ser pago, a reforma não pode ir adiante. O argumento não serve para justificar a falta de investimento em infra-estrutura. A indefinição acerca dos imóveis não impede que ruas, calçadas e iluminação sejam objeto de melhorias.
Mas a prefeitura tem razão ao apontar a questão judicial como um importante fator a emperrar o programa urbano da Luz. A experiência de cidades como Nova York e Barcelona mostra que processos dessa envergadura são sempre lentos e complexos.
A reforma da Luz representará um marco na urbanização de São Paulo. Ante o alongamento das expectativas sobre sua consecução, o projeto precisa ser entendido como um bem para a cidade -e não para um governo particular- a fim de que seja implantado no menor prazo possível.


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