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Reforma demorada
O PROJETO de revitalização
do bairro da Luz foi apresentado como a principal
intervenção urbana da administração municipal e gerou expectativas elevadas. Mais de um ano
depois de divulgado, o plano caminha a passos lentos, e a região
continua em deterioração.
Descrita em reportagem desta
Folha no domingo, a indiferença
do policiamento diante dos grupos de traficantes e consumidores de crack ameaça uma das
poucas conquistas provisórias
na região, que foi alvo de uma
blitz anticrime no ano passado.
O projeto envolve a desapropriação de uma área de 105 mil
metros quadrados e a concessão
de incentivos fiscais a empresas
que se instalarem no local. Até o
momento, porém, não há nenhuma empresa incluída na lei de
benefício fiscal. O conselho que
decidirá sobre as isenções foi nomeado há menos de um mês e
ainda não se reuniu. Tampouco
as desapropriações começaram.
O que atravanca o processo,
afirma a prefeitura, é a falta de
acordo com os proprietários dos
imóveis. Enquanto a Justiça não
arbitrar sobre o valor a ser pago,
a reforma não pode ir adiante. O
argumento não serve para justificar a falta de investimento em
infra-estrutura. A indefinição
acerca dos imóveis não impede
que ruas, calçadas e iluminação
sejam objeto de melhorias.
Mas a prefeitura tem razão ao
apontar a questão judicial como
um importante fator a emperrar
o programa urbano da Luz. A experiência de cidades como Nova
York e Barcelona mostra que
processos dessa envergadura são
sempre lentos e complexos.
A reforma da Luz representará
um marco na urbanização de São
Paulo. Ante o alongamento das
expectativas sobre sua consecução, o projeto precisa ser entendido como um bem para a cidade
-e não para um governo particular- a fim de que seja implantado no menor prazo possível.
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