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CLÓVIS ROSSI
A jovem diáspora da bola
LONDRES - Mesmo nestes tempos em que Barack Obama acha
Luiz Inácio Lula da Silva "o cara",
não é fácil encontrar nomes de brasileiros nos grandes jornais internacionais. Menos ainda em uma
publicação de elite como o "Financial Times".
Mas ontem, na página 3 do "FT",
lá estavam Pedro Botelho, Rafael da
Silva, Fábio da Silva, todos de 19
anos, e Rodrigo Possebon, 20. Só sabe quem são o PVC, que tem a ficha
de jogadores até do Santa Cruz, da
quarta divisão.
Sim, são todos jogadores brasileiros de futebol, contratados no berço ainda por clubes ingleses (o
Manchester United, no caso dos
três últimos, e o Arsenal no caso de
Pedro Botelho).
Foram parar no "FT" porque o
Chelsea acaba de ser proibido de fazer compras no mercado internacional até 2011, por ter supostamente induzido o garoto francês
Gaël Kakuta, então com 16 anos, a
romper seu contrato com o Lens e
atravessar o canal da Mancha.
Sem reforços internacionais, o
clube fica prejudicado ante seus
grandes rivais.
Mas há um outro lado: a montagem do que o jornal chama de "Brigada Juvenil" com estrangeiros
bloqueia o acesso dos meninos britânicos ao objeto de consumo de todos, britânicos ou estrangeiros, que
é a Premier League -o multimilionário campeonato inglês.
Do lado de cá, aparece o problema inverso, apontado em artigo para "El País" por José Pekerman, que
foi técnico da seleção argentina em
todas as categorias: a caça aos jovens pelo futebol europeu esvazia o
futebol argentino.
"Futebolistas de todo tipo se vão,
sem cumprir os requisitos que antes demandava o mercado" (estabilizar-se em um clube grande ou
chegar à seleção), escreve Pekerman. É lógico supor que nomes como Pedro, Rafael, Fábio e Rodrigo
indicam que o raciocínio vale também para o futebol brasileiro.
crossi@uol.com.br
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