São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009

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Editoriais

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Parada precoce

COMO JÁ era esperado, o Banco Central interrompeu nesta semana a trajetória de queda dos juros básicos da economia ao manter em 8,75% a meta da taxa Selic.
A decisão é reveladora do excesso de conservadorismo do BC. De fato, desde o ano passado, após o colapso do banco de investimentos americano Lehman Brothers, o Copom manteve por três reuniões seguidas a Selic em 13,75%. Iniciou o movimento de queda apenas a partir de janeiro de 2009, quando o país já estava em franca retração.
A trajetória de redução dos juros, a partir daí, foi caracterizada pelo gradualismo, a despeito dos indicadores da economia. Essa política impôs um custo excessivamente alto ao sistema produtivo, suprimindo desnecessariamente empregos e ocasionando redução da renda.
Na situação atual, embora a economia já dê sinais de recuperação, os indicadores da melhora ainda são preliminares, e não há indícios preocupantes de aceleração inflacionária.
Assim, faria mais sentido reduzir o ritmo da queda, em vez de interrompê-la. Corre-se o risco de impor prejuízo a uma recuperação incipiente, mantendo-se o custo financeiro em patamar excessivamente elevado, o que se reflete especialmente nos empréstimos a empresas e famílias.
Sabe-se, entretanto, que reduções muito pronunciadas dos juros no Brasil, embora desejáveis, são impossíveis no atual quadro institucional. A remuneração da caderneta de poupança -6% acima da Taxa Referencial- ainda representa um limite à queda dos juros domésticos.
Ironicamente, contudo, é o próprio governo que acaba contribuindo para impedir um corte mais pronunciado dos juros ao não encaminhar a resolução do problema da caderneta.


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