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EMÍLIO ODEBRECHT
Mãos à obra
HÁ ALGUMAS semanas, tratei aqui de um assunto que
rendeu várias manifestações de leitores.
No texto, sugeri que profissionais maduros já aposentados, curtidos por anos de trabalho em empresas privadas, pusessem a experiência que acumularam a serviço
da coletividade.
Dentre as mensagens que recebi,
de profissionais e de empresários
que já foram sucedidos em suas
empresas, algumas pediam sugestões sobre como e o que fazer.
Há vários modos. Colaborar com
a administração da cidade ou mesmo do bairro onde se reside é um
deles. Penso em urbanistas aposentados, contribuindo para que
tantos espaços vazios que vemos
por aí, entregues ao abandono pelos municípios, sejam transformados em áreas de convivência e embelezamento local -coisas que, havendo criatividade, sempre se consegue fazer com pouco dinheiro.
Sei de executivos que estão dedicando tempo a treinar diretores e
professores em técnicas de gestão
-de pessoas, orçamentos, compras
etc.- aplicáveis a escolas públicas.
O Movimento Brasil Competitivo, uma organização privada, criada por importantes empresários
brasileiros, tem dado contribuição
relevante para a qualificação de administradores em ministérios, governos estaduais e prefeituras.
Ao longo de uma vida profissional, em uma ou mais empresas,
aprende-se muito sobre o valor do
trabalho -e também sobre como
fazer o trabalho criar valor, ou seja:
de quais maneiras pode-se mudar
para melhor o mundo que nos cerca através da ação produtiva coordenada e metódica. Parece banal,
mas essa percepção anda escassa
em muitos ambientes.
Há também muito para ser feito
para além da esfera estatal.
Empresários aposentados podem, com pouco capital e boa disposição, criar pequenas oficinas
profissionalizantes para formar jovens para a vida, pelo trabalho.
É o que meu pai, Norberto Odebrecht, já perto dos 90 anos, vem
fazendo em 14 municípios do Baixo
Sul da Bahia, engajado nos programas da Fundação Odebrecht.
Sua dedicação atual é a educação
de moças e rapazes daquela região,
de modo que encontrem ali as
oportunidades que precisam para
desenvolver os talentos que têm.
Eu, desde que deixei minhas funções executivas, tenho me dedicado, entre outras coisas, a participar
de um projeto na área de pesquisa
científica, destinado à produção de
drogas contra o câncer.
Enfim, os exemplos existem e
naquele artigo quis provocar quem
chegou à terceira idade para um
despertar de consciência: enquanto o ócio improdutivo deprime,
uma boa causa nos mantém vivos e
revigora.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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