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RECESSÃO OU RECESSÃO
Atualmente parecem nulas as chances de que a economia brasileira possa evitar uma recessão nos próximos
meses. A recente notícia de que está
crescendo nas transações do comércio varejista a tendência à utilização
de taxas de juros pós-fixadas é apenas a ponta do iceberg, sinal de uma
insegurança muito mais ampla a respeito dos destinos do país.
As fontes externas de financiamento secaram para o Brasil. No flanco
interno, por sua vez, as contas do Estado permanecem fortemente desequilibradas. Evidencia-se mais uma
vez, pois, que será imperioso cortar
gastos públicos ou elevar a arrecadação de impostos nos próximos meses. É também provável que venham
a ocorrer demissões também no setor público, iniciativa que se mostra
politicamente mais factível uma vez
transcorridas as eleições, tanto para
presidente como para governadores.
Não haverá financiamento externo
ou estímulos governamentais -gasto público; o ambiente suscita cautela extrema na concessão de crédito
privado; com a crise global, os mercados externos tendem a se estreitar
significativamente. A conjunção lamentável desses fatores indica que
não há como deter uma desaceleração mais intensa da atividade econômica no futuro imediato.
Os sucessivos registros mensais de
deflação, que apontam para uma inflação anual em torno de 1%, são outro sintoma de esfriamento do consumo. Mesmo que os juros não subam novamente, por si só a deflação
torna a situação financeira de empresas e consumidores mais difícil.
Haverá recessão, assim. Discutível
é somente a sua intensidade. Esta depende em primeiro lugar do desfecho mais -ou menos- dramático
da crise nos mercados internacionais. A duração do ajuste recessivo,
por outro lado, não depende apenas
da conjuntura financeira global. Afinal, a própria credibilidade do governo federal e da economia brasileira
dependem da rapidez com que se
formulem correções na política econômica e nas tendências das contas
fiscais e do balanço de pagamentos.
O cenário dos próximos meses estará portanto delimitado tanto pelas
oscilações de humor dos investidores internacionais como pela disposição das autoridades para promover
um forte ajuste econômico que recupere a credibilidade do país.
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